Por Nara Alves
Na nossa volta ao mundo, o Japão teve um lugar especial porque minha família é japonesa. Tenho tios e primos espalhados por todo o Japão, que estavam dispostos a nos hospedar, nos oferecer as refeições e nos convidar aos passeios. Assim, conseguimos ficar por lá 3 meses sem que isso pesasse demais no orçamento total da viagem.
Internamente, viajamos principalmente de trem-bala e ônibus, para Osaka, Nara, Yumura e Sendai. Somente para Okinawa, ao sul do arquipélago, fomos de avião. Ficamos quase dois meses morando de graça em Yokohama, na casa do meu tio.
Aproveitamos para estudar. Eu fiz aulas de japonês e o Bernardo, de inglês, especificamente com vocabulário de uso em viagens. Portanto, o Japão, que é um dos países mais caros do mundo, no final das contas saiu por bem menos do que havíamos estipulado como orçamento inicial.
Dica de viagem
Em Tóquio, no bairro central de Shinjuku, há um local chamado Golden Gai, um conjunto de ruelas entupidas de bares com capacidade para pouquíssimas pessoas. Fomos a um bar com capacidade máxima de 5 clientes. Alguns estabelecimentos proíbem a entrada de pessoas não japonesas, mas outros ficam felizes em receber estrangeiros, mesmo que não consigam se comunicar com eles. Passar por lá no início da noite, no meio da semana, e sentar num desses bares é um desafio.
Raio X
Tempo no país: 75 dias
Locais visitados: Yokohama, Tóquio, Nara, Naha, Osaka, Yumura, Tottori, Sendai e Okinawa (Taketomi e Iriomote).
Visto necessário? Sim
Gasto com visto: 27 dólares (só para o Bernardo)
Transporte aéreo: 980 dólares
Transporte terrestre longa distância:
Trem longa distância – 13.000 iens – 127,7 dólares
Ônibus longa distância – 18.500 iens – 181,72 dólares
Total transporte terrestre – 31.500 iens – 309,42 dólares
Transporte local (metrô): 196 dólares
Hospedagem: 200 dólares
Alimentação: 107 dólares
Lazer: 201 dólares
Total por pessoa no Japão com passagem aérea: 2.020,42 dólares (26,93 dólares/dia)
Total por pessoa no Japão sem passagem aérea: 1040,42 dólares (13,87 dólares/dia)
Trecho do livro “66 histórias de uma volta ao mundo”
Se para ler Saramago é preciso algum fôlego, ler japonês é mergulhar em apneia numa sopa de letrinhas. Essalínguanãodáespaçoentreaspalavrasgente. Raciona o uso de vírgula e ponto-final como se não chovesse na Cantareira há anos. A interrogação dá as caras apenas em forma de construção gramatical e a exclamação se limita a interjeições. Ambas são proibidas no japonês formal. Afe!!!
O que no português a gente chama de sílaba, aqui é letra. A única consoante que vive sozinha é o N. As demais consoantes não existem, a não ser associadas a uma vogal. No lugar da letra R, por exemplo, existem as letras RA, RE, RI, RO e RU (leia-se LA, LE, LI, LO e LU). Não é R + U = RU. É uma nova letra com som de RU (ou LU). Por isso, Bernardo vira Belunaludo. É o milagre da mutação e multiplicação das letras Cebolinha style.
São 48 letras no alfabeto japonês chamado hiragana. Uma de suas principais atribuições é garantir a estrutura gramatical de uma frase. Todas as conjunções, as formas afirmativa, interrogativa e negativa, as conjugações verbais, por exemplo, são escritas em hiragana.
País anterior: Estados Unidos
Próximo país: China
Quem largaria um belo emprego na TV para sair pelo mundo experimentando as mais diversas culturas? Nara Alves. Acompanhada de seu namorado, Bernardo, entre 2014 e 2015 a moça se aventurou por 22 países da América do Norte, da Ásia, da Oceania, do Oriente Médio e da Europa.
Saiba mais: 66 histórias de uma volta ao mundo