Não é à toa que Florianópolis é conhecida como “A Ilha da Magia”. Os 65 km de extensão entre o ponto mais ao norte, a Trilha do Morro do Rapa, até o ponto mais ao sul, a praia dos Naufragados, são banhados por praias paradisíacas, baías com recantos aconchegantes e uma enorme variedade de atrações para todos os tipos de viajantes. Há opções com uma pegada mais aventureira e de natureza e também para os mais urbanos e descolados, que podem curtir especialmente a Lagoa da Conceição, principal cartão postal da capital catarinense.
Por Grazi Calazans
A quantidade exata de praias de Floripa ainda é tema de polêmica entre turistas, pesquisadores e moradores, mas o fato é que a Ilha da Magia tem uma infinidade de atrações e possibilidades de passeios para todos os gostos e estilos. Confira neste artigo sete dessas opções – todas exploradas por mim durante uma longa temporada em Florianópolis.
1 – Lagoinha do Leste
Uma das unanimidades entre quem visita a cidade de Florianópolis está em a Lagoinha do Leste ser considerada a praia mais bela da ilha. Porém visitá-la demanda bastante disposição, ou algum investimento, pois só é possível acessá-la através de longas trilhas, ou, no verão, de passeios de barco que partem da praia de Pântano do Sul e custam em média R$50,00 ida e volta ou R$ 25,00, para quem for caminhando pela trilha e quiser somente voltar de barco.
Uma das trilhas de acesso também se inicia pelo Pântano do Sul, umas duas quadras antes da praia. Bem em frente ao início da trilha, existe um estacionamento para os visitantes e o preço varia entre R$10,00 e R$20,00 dependendo da época do ano. Ainda pode-se chegar até o início da trilha de ônibus, pegando a linha 564 – Pântano do Sul no terminal Rio Tavares (TIRIO).
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Independentemente da opção que você escolha, uma visita a Lagoinha do Leste é praticamente indispensável para quem curte vistas deslumbrantes e uma natureza quase intocada. Além da praia de mar aberto, o complexo do Parque Municipal da Lagoinha do Leste reúne mata nativa, costões, uma enorme e linda lagoa (daí o nome da praia) e algumas cachoeiras. Desde o início da trilha em Pântano do Sul são três quilômetros de caminhada, sendo a primeira metade uma subida íngreme por entre pedras e raízes e a segunda metade a descida da trilha até as areias fofas e branquinhas da praia de apenas 680 metros de extensão. Lá do alto, a recompensa já se descortina na paisagem exuberante: a mata e as rochas ao redor das águas verde esmeralda.
Ao chegar à praia, um mergulho nas águas geladas revitaliza o corpo cansado pela trilha. Quase sempre vazia, a costa convida a uma caminhada para explorar suas belezas. Entre as dunas, cobertas de vegetação nativa, é possível fazer vários caminhos diferentes e descobrir inúmeros refúgios para acampar e desfrutar de um fim de semana ou alguns dias em meio a calmaria do lugar. A bela lagoa, com temperatura da água mais aconchegante, vem do meio da mata até desembocar no mar, formando um enorme e tranquilo canal de águas calmas onde o mergulho é relaxante e ideal até mesmo para crianças.
Outra forma de chegar até ali é pela trilha da praia do Matadeiro, que é mais longa, porém mais bonita. São cerca de 8km percorridos entre duas e três horas de caminhada, sendo os primeiros trinta minutos os mais difíceis, com subidas em meio à mata fechada. Porém a caminhada fica mais tranquila depois e revela um esplendoroso visual da costa leste da Ilha. Para iniciar esta trilha é preciso ir até a Praia da Armação (o mesmo ônibus que vai ao Pântano do Sul passa por ali) e atravessar uma pequena ponte e uma trilha até a praia do Matadeiro. Não há estrutura de recepção de turistas como bares e restaurantes, por isso é preciso ir abastecido de comidas leves e uma garrafinha de água. É possível repor água nas diversas fontes de água doce que brotam entre as pedras da costa na praia da Lagoinha. Há inclusive uma cascata onde é possível tomar um bom banho para tirar o sal do corpo e poder dormir confortavelmente sob o céu estrelado e o luar iluminando a lagoa, uma cena inesquecível. A beleza estonteante e os momentos de paz daquele local valem todo o esforço, com certeza.
2 – Barra da Lagoa
A Barra da Lagoa é, depois da própria Lagoa da Conceição, o ponto mais famoso e visitado de Florianópolis. Ali convivem pacificamente todos os estilos de turistas, desde os vindos da Europa e dos Estados Unidos em todas as épocas do ano, entre gaúchos e paulistas, até os moradores da localidade, em sua maioria pescadores, que se utilizam do canal da Barra para a pescaria. Localizada há 20km do centro da cidade, é possível acessar a Barra da Lagoa de carro ou de ônibus, que sai a cada meia-hora do terminal Lagoa da Conceição (TILAG).
Talvez pela sua vasta infraestrutura com uma infinidade de hotéis, pousadas, hostels e restaurantes para todos os gostos e bolsos, a Barra seja tão famosa e tão visitada. A arquitetura histórica de origem açoriana também é um atrativo da região, com suas ruas estreitas, travessas e vielas, repletas de lojinhas de artesanato, roupas, bijuterias e lembranças de Floripa.
As águas mais calmas próximas ao canal, que ajuda a frear as ondas vindas do mar aberto, são um convite para mergulhos refrescantes. Oficialmente, a praia da Barra da Lagoa tem apenas 650m de extensão, mas suas areias se juntam a enorme faixa da praia de Moçambique, ultrapassando os 8km de comprimento, um estímulo a uma longa caminhada pela beira d’água.
Da Barra é possível também fazer algumas trilhas, seja para a Praia da Galheta, onde se passa por piscinas de água natural, seja para o topo do morro, onde há um farol desativado e um visual extraordinário para o Oceano Atlântico. Ambas as trilhas são feitas em meio às pequenas ruelas e subidas, ao se ultrapassar a ponte do canal da barra. Há plaquinhas e sinalizações entre os muros das casas e dos hostels, um caminho que parece nos transportar para alguma época distante, com as janelas abertas e o cheirinho de café muitas vezes pairando no ar.
Na alta temporada é bem comum encontrar grupos musicais se apresentando no centrinho da Barra, onde se localiza a ponte e um quiosque que oferece variados petiscos e bebidas para se curtir o fim de tarde em um clima muito descontraído e agradável. Alguns acreditam que a Barra da Lagoa tem algo místico, como várias partes da Ilha da Magia…
3 – Dunas da Lagoa da Conceição
Na famosa Avenida das Rendeiras, que beira a Lagoa da Conceição, estão localizadas as dunas da Lagoa. Para quem quer fazer algo diferente, seja iniciante ou experiente, a pedida aqui é alugar uma prancha de sandboard (em média R$20,00 a hora) e se deixar escorregar pelas enormes dunas que ligam a Lagoa até a praia da Joaquina. É preciso ter bastante disposição para caminhar pelas areias fofas, e os dias nublados são melhores para a prática, para não correr o risco de ter uma insolação, mas a diversão é garantida.
Também é possível fazer uma longa e meditativa caminhada, atravessando as dunas, até chegar à praia da Joaquina, em cerca de 1h30 de caminhada. No início ainda se houve os gritos e gargalhadas do pessoal praticando sandboard, depois, conforme vai se adentrando as dunas, o silêncio começa a prevalecer e o contato com a natureza quase selvagem leva a um estado relaxante e meditativo. Você pode observar uma bela e exótica vegetação, lindas aves se aproximando, ouvir o barulho do vento movimentando as areias. É quase como uma caminhada pelo deserto, mas no final você encontra um oásis perfeito: a belíssima praia da Joaquina, outro lugar que envolve histórias místicas da ilha.
4 – Lagoa do Peri
Menos famosa que a Lagoa da Conceição, mas tão bonita quanto, a Lagoa do Peri é uma opção de passeio completo, pois une os atrativos naturais à cultura e lazer. O complexo da Lagoa do Peri tem infraestrutura para piqueniques, parquinho infantil, banheiros e, é claro, a grande lagoa de águas esverdeadas e calmas, ideal para as crianças e para a prática de esportes aquáticos como stand-up paddle, caiaque e outras embarcações não motorizadas que são permitidas ali.
A Reserva Biológica da Lagoa do Peri convida a trilhas em meio à mata, onde pode-se observar espécies até mesmo ameaçadas de extinção e deparar-se com cachoeiras e antigos engenhos coloniais. Passar um dia inteiro na Lagoa do Peri é com certeza um passeio imperdível na Ilha da Magia.
No caminho para a Lagoa do Peri, na rodovia SC-406, existe o Mirante do Morro das Pedras, bem sinalizado, na subida para o Retiro de Fátima. Com um belo visual para as praias do sul da Ilha, Armação, Campeche e Lagoa do Peri, nos dias claros dá pra visualizar ainda o Pântano do Sul. Um lugar lindo para apreciar de cima uma parte da ilha…
5 – Santo Antônio de Lisboa
Para quem quer aproveitar o litoral sem necessariamente dar um mergulho, Santo Antônio de Lisboa pode ser o local ideal. Uma vila açoriana que nos remete diretamente à Lisboa, com uma orla lindíssima beirando casarios antigos, restaurantes chiques e quiosques com petiscos deliciosos, todos à base de peixes e frutos do mar, obviamente. Tomar um chopp, provar um pastel e jogar conversa fora curtindo o pôr do sol exuberante na baía é uma pedida perfeita. Experimente o pastel de ostras, é divino!
Também é um local ótimo para comprar artesanato e lembrancinhas de Florianópolis. Há uma feirinha aos finais de semana, com diversos artesãos locais onde você se perde em meio a tantas peças fofas e criativas. Uma visita à Igreja Nossa Senhora das Necessidades, em estilo barroco, típica do século XVIII, pode ser outra forma de viajar no tempo, além de acompanhar algumas etapas da pesca artesanal, pois é bem comum ver os pescadores em plena atividade.
Chegar ali também é fácil, seja de carro ou de ônibus, pegando uma das linhas no terminal Santo Antônio de Lisboa (TISAN) que entram no balneário.
6 – Cachoeira do Poção
Nem só de praias vive Florianópolis. Para quem prefere cachoeiras (assim como eu), há uma opção maravilhosa muito bem localizada, no bairro do Córrego Grande, bem próximo ao centro da Ilha. A Cachoeira do Poção é de acesso facílimo, perfeita para ir com toda a família, e é considerada uma das melhores cachoeiras da ilha. É possível chegar de carro ou de ônibus (descer no ponto final da linha Córrego Grande), até o Poção, região do bairro Córrego Grande, e dali fazer uma trilha leve de cerca de 15 minutos apenas, sempre beirando o córrego e guiada pelo antigo aqueduto da companhia de águas e saneamento.
Para quem tiver mais disposição e estiver nas redondezas da UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina), também há acesso para a cachoeira pela Rua Rosa, bem em frente ao Campus. Pega-se uma subida mais íngreme por ali, subindo a Rua Rosa até o final e depois virando à direita, até chegar na entrada da trilha, na rua sem saída. Dali em diante a trilha também é leve, levando cerca de 30 minutos até a cachoeira.
As águas do Poção são bem geladas, mas uma delícia para os dias quentes de verão. Sua queda de aproximadamente 5m de altura deságua em um poço relativamente pequeno, mas com grandes profundidades, cercado por paredões de até 10m de altura, desafiando os mais corajosos a elaborados saltos na água. É bom ir cedo na alta temporada, pois o local, por ter fácil acesso, costuma ficar lotado de turistas e estudantes. Também é bom ir cedo para aproveitar ao máximo o sol, que passa pouco tempo por ali, já que a cachoeira está bem encravada em meio à mata entre os morros do Córrego Grande e do Pantanal. Mas é, sem dúvida, uma visita imprescindível para quem ama estar em meio à natureza e desfrutar das águas doces e refrescantes da cachoeira.
7 – Parque Municipal do Córrego Grande
Outra opção que foge do lugar comum às praias de Florianópolis é o Parque Municipal do Córrego Grande, também conhecido como Horto Florestal, um local perfeito para visitar com as crianças, sozinho ou com os amigos. Também de fácil acesso, há menos de 10km do centro da cidade e com opções de transporte público que passam em frente à entrada do parque, o local proporciona um ambiente perfeito para piqueniques, a prática de esportes e passeios tranquilos, apreciando a diversidade da fauna e flora da região.
Nos 22 hectares do parque existem dois lagos, uma grande área para recreação infantil e piqueniques, uma trilha de caminhada de 1km e duas quadras para a prática de vôlei de areia. Além da variedade enorme de plantas nativas, pode-se observar patos, coelhos, galinhas, muitas aves como garças, papagaios, tucanos e gralhas, além de poder chegar bem perto dos simpáticos saguis que habitam as árvores ao redor das trilhas. No lago central também avista-se enormes jabutis e jacarés, sendo garantia de atração para a criançada.
Poucos sabem que naquela área, no início do século passado, existia uma chácara de produção de leite, com uma vegetação própria para tal fim e que, na década de 1940, o governo fez da área uma base de reflorestamento de eucalipto, mas que somente a partir de 1991 foram gradativamente substituindo as árvores por espécies nativas, o que transformou o parque na sede do departamento de educação ambiental do município, onde hoje acontecem várias atividades ligadas ao tema.
O parque funciona diariamente das 7h às 19h e tem entrada gratuita, sendo uma ótima alternativa para fugir das praias lotadas da alta temporada.
Visite!
Enfim, Florianópolis tem mesmo muitos motivos para levar a fama de Ilha da Magia, destino obrigatório de qualquer viajante brasileiro ou visitante do Brasil!