Por Grazi Calazans
Eu tenho paixão por duas São Chico no Brasil. A primeira é São Francisco de Paula, na Serra Gaúcha, da qual já falei aqui no Viajante. A segunda São Chico, que foi a primeira que conheci, é uma das cidades mais antiga do Brasil, no norte do litoral catarinense, a linda São Francisco do Sul.
Reduto dos índios Carijó, São Chico recebeu os primeiros europeus em 1504, uma frota francesa liderada por Binot Paulmier de Goneville, que conviveu pacificamente com os índios, inclusive levando um deles para a Europa no retorno da expedição, a fim de que aprendesse as artes das armas.
Mais tarde São Francisco do Sul foi colonizada pelos portugueses e recebeu muitos escravos africanos, dando à cidade uma enorme diversidade cultural. Tradições como Boi-de-Mamão, Dança do Vilão, do Pão-por-Deus e das Pastorinhas são cultivadas até hoje.
A cidade possui pouco mais de 42 mil habitantes, mas recebe milhares de turistas o ano inteiro, tanto pelas belezas naturais, quanto pelas festividades tradicionais no calendário francisquense, como a Festa do Camarão e a Festa das Tradições da Ilha (Festilha), ambas em abril, e a Festa Nacional dos Pescadores, com inúmeras atividades desportivas e de lazer.
São várias praias com charmosas avenidas à beira-mar, a Baía da Babitonga – a maior baía navegável do estado – com 24 ilhas, e uma porção continental com inúmeras cachoeiras e trilhas em meio à Mata Atlântica.
A primeira impressão do Centro Histórico, tombado pelo Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, já é maravilhosa: um visual deslumbrante para o mar, com um deque de madeira, e muitos prédios históricos, uma mistura encantadora de natureza e cultura.
Ali estão os prédios da Fundação Cultural, do Mercado Público e do Cine Teatro, além do Museu Nacional do Mar. Com exposição permanente de diversas embarcações brasileiras, instrumentos navais e apetrechos de bordo, este museu foi criado para valorizar a arte e o conhecimento dos homens do mar, ocupando centenários galpões com mais de 7.000 m².
O famoso Balneário de Capri é reduto dos navegadores e amantes de programas náuticos e está localizado a 18km do Centro Histórico, sediando o Capri Iate Clube.
Já a Praia Grande é praticamente deserta e é a maior praia da ilha. Com muitas dunas e muito vento, tem águas revoltas e preservadas, sendo muito procurada por pescadores, surfistas, naturistas, ou apenas por quem busca momentos de plena integração com a natureza, ao longo de seus 26km de areias fofas.
A Prainha, nome popular da Praia da Saudade, é palco para campeonatos mundiais de surf e uma das mais conhecidas praias de São Chico. Com restaurantes por toda sua orla, está localizada entre dois costões com trilhas para contemplar a paisagem estonteante.
No canto direito desta praia está um dos mais importantes sambaquis da cidade (espécie de depósito constituído por montes de conchas, formados por vestígios da ocupação humana pré-histórica e que servem de fonte de estudos dos primeiros povoados de uma região).
A praia da Enseada é a mais badalada da cidade, contando com o maior número de restaurantes e hotéis, além de muitas atividades de lazer, na alta temporada. Uma praia tranquila, de areia bem fininha e águas calmas e rasas, é excelente para o passeio com as crianças.
Enfim, tenho inúmeros motivos para amar São Chico. E você, já conhece esta ilha paradisíaca?
Como Chegar
O acesso terrestre a São Francisco do Sul se dá pela BR-280, a qual se conecta com a BR-101; está a 40 km de Joinville e a 200km da capital Florianópolis. Por via marítima, é possível chegar de ferry boat da parte continental a ilha. Os aeroportos mais próximos são de Joinville (55 km), Navegantes (96 km) e Curitiba (167 km).