Por Vinícius Henrique Fontana
A segunda maior cidade da Dinamarca, Aarhus, está situada na parte continental do país, chamada Jutland – as outras “ilhas” que compõem o país são Funen e Zealand, nesta última se situa a capital, Copenhague.
Os “locais” afirmam que Aarhus é diferente das demais cidades dinamarquesas: a universidade atrai estudantes de toda a Europa, o que faz a população ser uma das mais jovens e diversificadas da Escandinávia.
Apesar de não ser um hotspot turístico, há vários pontos interessantes a serem visitados. Faço aqui uma lista com as suas principais atrações, das mais óbvias às mais surpreendentes.
Roteiro pelo centro de Aarhus
Aarhus é uma das cidades mais antigas da Dinamarca, e algumas de suas construções remontam à Era Viking. Entretanto, como muitas das construções originais eram de madeira, quase nada remanesceu. O projeto de crescimento foi feito de uma maneira que afastasse as áreas residenciais para longe do Centro Histórico, o que tornou essa região, também chamada de Latin Quarter, um espaço de intenso comércio, com boas opções de bares e cafés, frequentados majoritariamente por estudantes.
Dependendo do trajeto escolhido para uma caminhada, o viajante pode ficar decepcionado ao não encontrar construções típicas. Sugiro o seguinte itinerário para aproveitar a visita:
- Caminhe pela rua Studsgade, seguindo em direção à Catedral de Aarhus (Domkirke), uma construção de 93m de altura, concluída em 1300.
- Da catedral, siga pela rua Vestergade, uma das principais vias do centro, que dá acesso a diversas ruazinhas interessantes. Evite ir em direção ao mar ou à Nørre Alle caso esteja com pouco tempo – a vista não é das melhores.
- Seguindo pela Vestergade no sentido oposto à orla, entre à esquerda na rua Møllegade. Siga por um quarteirão e encontrará a mais bela rua da cidade: a rua Møllestien. É uma viela com pequenas lojas que vendem produtos típicos dinamarqueses, especialmente artesanato.
- Da Møllestien, siga em direção ao riacho e siga por toda extensão da rua Åboulevarden, onde ficam os restaurantes e as lojas mais chiques da cidade. No final da avenida se encontra a Dokk1, um moderno edifício público que funciona como um “Tudo Fácil” ou “Poupa Tempo”, mas que é o melhor lugar para ler um livro – há uma boa biblioteca no local, inclusive com exemplares em diversas línguas – e ver o pôr-do-sol.
Natureza em Aarhus
Aarhus tem uma população de aproximadamente 300 mil habitantes, porém aparenta ser muito menor. Muito disso se dá em função dos grandes parques da cidade e da floresta situada próxima às praias.
O primeiro local a ser visitado não é necessariamente um parque, mas o campus da Universidade de Aarhus, o Uniparken. Situado entre o centro e o norte do município, estende-se por uma ampla área. Dentro do campus há diversas construções amarelas que vão desde museus até moradias estudantis.
Além das áreas verdes, as duas atrações principais do Uniparken são o lago, que congela durante o inverno, e a Statsbibliotek, um prédio de 15 andares onde funciona a principal biblioteca da cidade e uma cantina, um ótimo lugar para um almoço barato (DKK 35, cerca de R$ 21) ou um café. Atravessando a avenida que fica ao norte da biblioteca, está o Nobelparken, parque de onde se tem a melhor vista da cidade.
As mais turísticas das atrações naturais de Aarhus são o Botanisk Have, o jardim botânico, e o Dyrehave. O primeiro possui uma estufa com plantas de diversos locais do mundo, e pode ser visitado de graça. No entorno, belos jardins e algumas construções pitorescas, como o velho moinho (que não é velho de verdade, apenas aparenta ser).
O Dyrehave (Deer Park, em inglês) é uma opção para quem estiver em Aarhus por mais tempo ou para quem realmente quer interagir com animais. É um local mais afastado, ao sul da cidade, mas facilmente acessível por ônibus. Lá, se pode brincar com veados, alimentá-los e tocá-los sem receio – ademais de ser um ótimo lugar para um piquenique nos finais de semana.
Por fim, há a área costeira, onde fica a principal praia de Aarhus (Den Permanente) e a floresta de Risskov. Enquanto a praia não é muito atraente, embora se consiga ter um bom panorama da cidade, a floresta é definitivamente um must-see.
Árvores antigas, construções perdidas no meio da mata e uma iluminação especial, graças à posição solar, faz desse um belo passeio tanto no verão quanto no inverno. Muitos animais circulam por aqui, especialmente raposas e texugos, porém são ariscos e mais facilmente identificáveis durante a noite.
Museus em Aarhus
Três museus de destacam em Aarhus: Den Gamle By, ARoS e Moesgaard. Den Gamle By (a Cidade Velha, em dinamarquês) é um belíssimo lugar onde se pode passear por construções típicas de diferentes épocas da Dinamarca. Quase tudo é recente, mas a atmosfera de cidade velha faz a magia do lugar.
ARoS é o museu de arte da cidade, um dos mais importantes da Escandinávia. Porém sua principal atração é a construção no topo que simula um arco-íris (Rainbow Panorama), o local favorito para os turistas tirarem selfies.
Finalmente, Moesgaard é um dos mais importantes museus do mundo a contar a história viking. Fica longe, cerca de 30 minutos de ônibus do centro da cidade, mas para quem gosta de história antiga vale o esforço.
Dicas gerais sobre Aarhus
- A Dinamarca é um país caro, portanto cuidado com o orçamento. A moeda é a coroa dinamarquesa (Danske Kroner – DKK), que vale aproximadamente R$ 0,60.
- O ônibus é o único meio de transporte público da cidade e seu custo é alto (DKK 20, ou R$ 12, por trajeto nos ônibus amarelos). Caso queira usá-lo com frequência, uma dica é comprar o cartão de ônibus em lojas próximas a estações (pode ser nas 7Eleven espalhadas pela cidade). Por 140k. o que equivale a R$ 84, o cartão dá direito a dez viagens, mas o ônibus noturno deve ser clipado duas vezes – e sim, os fiscais são uma constante nos ônibus.
- O sistema de aluguel de bicicletas não é muito eficiente, pois existem poucas estações. Não se excite em alugar uma na estação central sem pesquisar previamente as vantagens.
- Muitas pessoas recomendarão ir ao Tivoli, o parque de diversões. Mas é extremamente caro e o de Copenhague é muito melhor.
- Outra dica comum é visitar o porto e suas construções peculiares, em especial o prédio conhecido como “Iceberg”. Porém não se engane: não é tão próximo do centro da cidade quanto parece ser, não há estrutura de transporte e o acesso se dá por apenas uma rua. Vá somente se tiver muito tempo livre.
- Existem três hostels na cidade, o SimpleBed Hostel e o City Sleep In, ambos no centro, e o Danhostel, no meio da floresta de Risskov, um pouco longe da área central. AirBnB e Couchsurfing costumam ser melhores opções.
- A vida noturna de Aarhus não é das melhores, mas há bons pubs próximo à catedral (The Old Irish Pub, por exemplo) e para quem quer dançar as melhores e mais baratas opções são o ShenMao e o Headquarters, ambos próximos ao centro. Há também bares gay na região central, porém costumam ser opções mais caras.
- Não se engane pela distância – costuma ser mais barato voar para Copenhague do que para Billund (cidade mais próxima a Aarhus). Caso planeje uma visita mais longa à Dinamarca, faça de Copenhague o ponto de início e fim: os demais aeroportos são caros e de difícil acesso.
- Curta as estações: a chuva é um problema no outono, mas no inverno a neve toma conta e dias de sol são relativamente frequentes. O verão é ameno e os mais corajosos até se arriscam a entrar no mar.
- Não se reprima: entre nos lugares, mesmo que sejam da universidade, por exemplo. Os dinamarqueses jamais pedem identificação, inclusive porque a percepção é de que as instalações públicas pertencem à população como um todo e não só à comunidade de estudantes.