Por Sabrina Sasaki
Escondida no mapa e esquecida no tempo, a Bósnia encanta e vale a viagem. É um destino menos óbvio, é claro, pois ainda é pouco divulgado, o que garante lugares intocados, preços justos e uma boa viagem no tempo. Com seu potencial turístico inquestionável, qualquer viajante que estiver entre Croácia e Grécia não pode deixar de aproveitar esse destino espetacular.
07 motivos para conhecer a Bósnia
01. Hospitalidade: Como parte dos países que formavam a Iugoslávia, a independência trouxe esperança de novos tempos, e o turismo é uma grande aposta da população tradicionalmente simpática.
02. Natureza: A paisagem de vales e campos, com uma rica biodiversidade local, impressiona os visitantes. É possível viajar horas sem avistar grandes áreas urbanas.
03. Histórica e cosmopolita: A capital Sarajevo tem sido um ponto de encontro de pessoas, mercadorias e culturas há mais de cinco séculos. Preserva sua arquitetura desde o período em que fazia parte das rotas de comércio entre Oriente e Ocidente. Durante o mês de agosto, a cidade vira o palco do Festival de Filme de Sarajevo, conceituado internacionalmente entre entusiastas e críticos de cinema.
04. Caldeirão religioso: Um mix com parte da população cristã, (35% entre Igreja Ortodoxa Sérvia e Católica), além da maioria muçulmana (60%). Igrejas, mesquitas e sinagogas dividem o mesmo espaço central da cidade, em convivência pacífica.
05. Preço: Custo de vida barato. Nos mercados e shoppings se encontra de tudo um pouco. Na dúvida, compre tudo por lá, pois a experiência vale a pena.
06. Compras: Nos mercados centrais de Sarajevo e Mostar, existe a tradição de comércio familiar, onde a pechincha faz parte do dia-a-dia, em contraponto aos demais novos estabelecimentos e shoppings que dão um toque mais moderno às cidades. Imperdível: feira livre de Mostar, uma barganha, onde se encontra de fumo e chás a hortifrutigranjeiros (semelhante às feiras de rua do nordeste brasileiro.)
07. Culinária especial: A mistura de influências garante variedade e sabores distintos. Porções fartas sempre acompanhadas de pão caseiro, comuns na região dos Bálcãs. Gosta de carnes? Então aproveite. Os cevapis (kebab), pjeskavicas (hambúrguer típico) e bureks (folhados de queijo, espinafre ou carne) custam a partir de €2. Vegetariano? Queijos sempre em abundância, sobretudo nas saladas de tomate, pepino e muita páprica (pimentão). Café expresso: €1; refeições de €3 a €5.
No bar central Cheers (Muvekita 4, em Sarajevo), o café da manhã completo, com ovos mexidos, pão feito na hora, expresso e suco de laranja natural sai por €3. Pizza no centro da cidade por €4. Nos pubs, drinks a partir de €2. Experimente o prato típico: cevapi, o kebab bósnio – carne de cordeiro grelhada, servida com cebola, creme de leite, ajvar (condimento de pimentões e alho) e somun, o pão pita bósnio.
O que visitar em Sarajevo
Baščaršija: Do turco ‘mercado principal’, essa é uma das áreas mais preservadas da cidade. Tradicional região comercial, data do século 15 e abriga construções históricas. Destaque para o ‘Mercado Coberto’ (1542), com tendas de roupas e joias, e a rua especializada em artesanato de cobre feito a mão.
Bijela Tabija: Localizada no alto de uma colina, abriga ruínas do forte medieval de 1550. Do centro da cidade, a caminhada leva 40 minutos e passa por ladeiras, vielas e cemitérios. Do topo, a vista panorâmica compensa o esforço e dá uma dimensão do tamanho da capital.
Catedral Sagrado Coração de Jesus: Templo católico do período austro-húngaro, data de 1889.
Chama Eterna: Monumento em homenagem aos homens que libertaram a cidade do Fascismo, durante a Segunda Guerra Mundial. Acesa desde 1945, a chama só foi apagada durante os anos da Guerra da Bósnia, devido à escassez de combustível.
Museu de História: Com foco na Guerra da Bósnia e no período de conflitos na ex-Iugoslávia, a exposição abriga imagens impactantes, objetos e reconstrução de ambientes da época.
Ponte Latina: Construída sobre o rio Miljacka, no final do século 18, é um dos símbolos de Sarajevo e fica em frente ao Museu Sarajevo 1878 – 1918. Local do atentado ao arquiduque Franz Ferdinand.
Museu Sarajevo 1878 – 1918: Na esquina onde Franz Ferdinand foi assassinado, o pequeno museu resgata a influência do Império Austro-Húngaro na região, bem como os bastidores dos fatos que deram início à Primeira Guerra. O espaço abriga objetos, roupas e relatos da época.
Interessante notar que, na visão local, Gavrilo Princip, o homem que matou o arquiduque, é considerado herói. Por aqui, existem ruas e monumentos em sua homenagem. Acervo em alemão ou sérvio-croata, por isso o aluguel de fones para tradução é imprescindível.
Sinagoga Antiga (1581): Construída por judeus perseguidos durante a Inquisição, na Idade Média. Durante a Segunda Guerra, funcionou também como prisão de judeus. O interior com arquitetura otomana e bósnia abriga um museu dedicado à cultura judaica.
Torre Avaz Twist Tower: edifício espelhado de 172 m de altura, próximo à estação ferroviária da cidade de Sarajevo – abriga um mirante no 35º andar aberto para visitantes.
Túnel da Esperança: Museu afastado do centro, no local do corredor subterrâneo de 720 m de extensão construído pela população durante os anos de cerco a Sarajevo, como uma ligação entre a cidade e o resto do país. Da antiga rota de fuga e passagem de mantimentos restam 25 m do túnel para visitação e um pequeno museu com objetos da época, como fardas militares e caixas de mantimentos.
Como chegar
De avião: Não existem voos diretos do Brasil para a Bósnia, mas várias companhias aéreas europeias ou locais voam até a capital Sarajevo.
De trem: O Europass possibilita o trânsito de trem na Europa, mas não compensa para viagens aos Bálcãs, se for adquirido pensando apenas na região. Os bilhetes de trem locais costumam sair baratos, e a malha ferroviária não cobre toda a região. Muitas rotas são longas e demoradas, e compensam ser feitas de carro ou ônibus. Vale a pena comparar antes de fazer um investimento alto. Por exemplo, de Zagreb, na Croácia, até Sarajevo, custa €30 e leva em média 9h, com diversas paradas.
De carro: Qualquer duração de viagem na região do Bálcãs pode variar conforme as vistorias e/ou filas nas fronteiras das rodovias. Atrasos são comuns na região, por isso tenha em mente um intervalo seguro entre suas conexões. Os hostels locais costumam indicar vans, serviços door-to-door (porta a porta), sobretudo de Belgrado a Sarajevo. A viagem dura em média 6h, e custa €25.
De ônibus: a viagem costuma ser simples e barata, porém com diversas paradas entre pequenas cidades que ligam as capitais.
Via Croácia: de Split para Saravejo (€ 24), leva em média 7h; de Zagreb (capital) até Sarajevo €25, 8h.
Via Montenegro: de Podgorica (capital): até Sarajevo €20, 7h.
Via Sérvia: de Belgrado (capital) em média €20, 7h.
Como viajar dentro do país
De Sarajevo até as demais cidades do país, os ônibus levam poucas horas de viagem, por isso recomenda-se aos viajantes que fiquem hospedados na capital e conheçam as demais cidades em viagens diárias, a menos que queiram conhecer Mostar à noite. Se esse for seu caso, dê preferência ao trem de Sarajevo a Mostar, e hospede-se numa pousada ou pensão familiar.