Por João Paulo de Vasconcelos
O Peru é um país que tem um pouco de tudo no turismo, seja a gastronomia excepcional, a vida urbana de Lima, as ruínas espalhadas por todos os lados ao redor de Cusco, ou a cultura que se vê todos os dias entre o povo peruano.
Apesar de ser mais conhecido pelas visitas ao Machu Picchu, outras regiões do país podem ser tão impressionantes quanto a famosa cidade perdida, ou ainda mais surpreendentes, como o Cânion do Colca, o terceiro destino mais visitado do país, a 160km de Arequipa.
A região do cânion pode ser visitada de diversas maneiras. Algumas pessoas preferem somente fazer um passeio rápido de um dia, passando de carro ou ônibus pelos mirantes no caminho, vendo toda a beleza de cima, observando os condores planando nas alturas.
Outros se hospedam nas pequenas cidades ao redor do vale, como Chivay ou Yanque,para aproveitar também as águas termais da região. Mas a maneira mais impressionante de conhecer o cânion é descendo até o rio Colca em sua base.
Caminhar ao fundo do cânion é mais tranquilo do que parece, e pode ser feito tanto com a companhia de um guia quanto por conta própria, pois as trilhas não são sinalizadas, mas são relativamente óbvias devido ao caminho já gasto.
É importante lembrar que não é possível e nem recomendado fazer a trilha toda em um dia, por isso existem áreas de repouso no meio do percurso, com quartos para dormir, e abrigos onde é possível comprar comida e mantimentos para continuar a jornada.
Quando a trilha é feita com um tour a estadia já é previamente reservada, assim como a comida. Os que preferem se aventurar por conta própria dependendo da temporada é muito fácil encontrar algum lugar para ficar, muitos até em casas de família, e os preços costumam ser em torno de 8 soles por pessoa pela noite (a cotação do nuevo sol peruano é quase a mesma que a do real, então, cerca de R$8).
Também é importante levar protetor solar e um chapéu, pois o caminho todo é bem aberto e boa parte dele é feito sob o sol. É indispensável levar muita água, uma lanterna (pois normalmente não há energia elétrica nos abrigos) e calçar sapatos adequados para trilha (a constante descida e subida pode machucar os pés, sem contar que a trilha é escorregadia em alguns trechos).
Visitar a região com um guia é sempre recomendado. Além da belíssima paisagem, é possível aprender sobre a história da região e informações sobre a fauna e a flora local.
A Caminhada
A caminhada normalmente é feita em 2 ou 3 dias, dependendo do ritmo individual ou do tour contratado. A primeira parte é uma grande descida em zigue-zague diretamente ao rio Colca, que fica no fundo do vale e dá o nome ao cânion. É importante tomar muito cuidado pois o chão arenoso faz com que seja fácil escorregar e, apesar de ser uma descida, torna-se cansativa por ser constante.
A belíssima paisagem vai se desvendando a cada curva, os paredões de rocha se mostram junto à diferentes plantas rasteiras e cactos que se tornam mais presentes à medida que se aproxima do rio. No caminho, podem ser visitados os abrigos de família, onde é servido o almoço, para, em seguida, continuar a jornada.
Durante o percurso também existe uma outra parada onde é possível comprar água e comida, mesmo local em que os nativos criam porquinhos da índia. E não, eles não estão lá para que sejam adotados. O cuy, como eles chamam os porquinhos pelo som que fazem, é um prato tradicional peruano normalmente para ocasiões especiais, servido individualmente, devido à pouca quantidade de carne.
Nesta parada, os viajantes podem comprar um cuy ainda vivo para ser preparado para o jantar. Custa cerca de 40 soles e é comum que um porquinho seja dividido entre 3 ou 4 pessoas, já que, além de ser acompanhado por outros pratos, o principal propósito é mesmo apenas experimentar.
Os que desejam experimentar são levados para que possam escolher o cuy (normalmente escolhem o maior macho, pois as fêmeas são poupadas para reprodução), e depois auxiliam no processo de pré-preparo, que envolve o abatimento, a retirada de todos os pelos e órgãos, e depois a lavagem do restante para que a carne possa secar no sol durante o resto do percurso.
No fundo do cânion há um local que é chamado de Oásis, onde existem diversos alojamentos, cujo propósito é servir de local de descanso para os visitantes no fim do dia. Normalmente têm quartos para duas pessoas, sem iluminação ou energia elétrica, mas com algumas duchas com água fria.
A caminhada também ensina muito sobre a flora local. Os guias que entendem mais sobre a região ajudam os viajantes a experimentar a tuna, uma fruta doce que nasce dos cactos do cânion e que precisa ser retirada com cuidado devido aos seus inúmeros espinhos.
Quando Visitar
O cânion e sua região recebem visitas o ano todo, porém, a alta temporada, corresponde ao intervalo entre os meses de maio e setembro, quando as chuvas são menos comuns. No verão, podem ocorrer tempestades que dificultam o caminho, além de deslizamentos de terra e pedras pelo vale. Mas, ainda assim, os abrigos se mantém abertos e recebem muitos visitantes.
Como Chegar
O cânion está próximo da cidade de Arequipa, capital da região que leva o mesmo nome, a cerca de 1.000 Km de Lima. O ônibus leva cerca de 20h para chegar desde Lima (inúmeras companhias fazem o percurso), mas os vôos, que não são caros, levam menos 2h.
Como a distância é relativamente grande saindo da cidade de Arequipa, a maneira mais simples de chegar até o Colca é com algum tour. Alguns transportes coletivos chegam até o topo do cânion, mas levam horas, o que dificulta começar a caminhada cedo. Logo, quem preferir fazer a trilha por conta própria, o recomendado é ficar nas cidades mais próximas, como Chivay, e de lá utilizar os ônibus disponíveis.