Por Débora Rodrigues
Cuba é um país que se apresenta como um enigma para muitas pessoas: como o pais realmente é? Como as pessoas vivem? Como seria viajar pela icônica ilha?
E este enigma continua no momento em que se decide organizar uma viagem que fuja do convencional roteiro Havana/Varadeiro. Quando comparado com outros destinos, as informações encontradas nos mecanismos de buscas ainda são escassas e geram insegurança sobre onde se hospedar. No interior do país, redes hoteleiras são praticamente inexistentes.
Minha intenção de viagem era maior do que simplesmente colocar um X no mapa. Eu queria procurar respostas para as perguntas que abrem este artigo e, por conta disso, estar fora das cidades mais turísticas e me hospedar nas casas dos cubanos fazia parte do plano.
Minhas buscas me colocaram em contato com o Hostal Peregrino, em Havana, e foi a partir dele que as portas de uma rede de ótimas casas de família se abriram para mim.
Estando as unidades do Hostal todas esgotadas nas datas de minha viagem, vi em seu site a opção de casas associadas. Fiz a reserva para uma destas casas e parti para Havana, sem ver a casa, sem saber ao certo como funcionava, apenas na coragem de cumprir meus objetivos de viagem. Essa era a única reserva que eu tinha para uma viagem de mais de 20 dias.
E como funciona?
O Hostal Peregrino foi um dos primeiros a ser aberto em Cuba quando o regime permitiu que cubanos hospedassem turistas em suas casas, tendo assim uma nova fonte de renda. Após adquirir certa fama no universo mochileiro, o hostal passou a ter grande demanda de reservas em Havana e também, como era meu caso, de um grande número de viajantes querendo desbravar o país sem saber onde se hospedar. A solução foi organizar uma rede de casas associadas que suprisse toda essa demanda.
Cheguei no hostal e o proprietário me levou a primeira casa de família que ficaria hospedada, bem como me deu uma lista de opções para todas as cidades que eu gostaria de visitar – e algumas outras de brinde!
A partir daí a minha viagem se organizou da seguinte forma: eu dizia para os donos da casa onde eu estava qual era o meu destino no dia seguinte e em que horário eu chegaria. Eles então eles ligavam para a casa da lista dessa cidade e, quando eu descia do ônibus, já havia alguém me esperando para me levar à próxima hospedagem. Se acontecesse de não haver disponibilidade, eles certamente teriam um vizinho que teria… Os cubanos são assim, se ajudam muito entre si.
Como são as casas?
Bem diferentes umas das outras! Em Havana Vieja, as casas têm uma aparência externa mais desgastada (uma característica do lugar), entrando no interior encontrei casarões mais antigos. É como se eu tivesse entrado em um túnel do tempo: móveis e decorações antigos, como uma casa de avó. Todas as casas eram elas limpas, seguras e bastante adequadas ao que tínhamos acordado. Todas elas ofereceram refeições a parte, tomei café da manhã em todas, por 5 cucs (moeda cubana, 1 cuc = 1 dolar) e também jantei em Remédios por 10 cucs…e valeu muito a pena!
E a experiência?
Não poderia ter sido melhor! Os cubanos são muito receptivos e você consegue ter um contato mais rico quando dentro da casa deles. Além das dicas normais de viagem, hospedar-se na casa de uma família e ver como vivem, e conversar sobre isso, diminui o mistério em torno de Cuba e ajuda a desvendar antigas dúvidas. Não posso deixar de dizer que também é a melhor opção em termos de baixo custo, paguei 25 cucs por quarto duplo com banheiro individual em todas as casas.
Eu fiquei em casas de família em Havana, Trinidad, Cienfuegos, Santa Clara e Remédios, todas elas altamente recomendadas. Indo a Cuba, não deixe de viver também esta experiência.