Por Débora Rodrigues
Eu poderia ter intitulado este texto falando sobre qual eu considero ser a melhor maneira de começar a conhecer uma cidade, mas resolvi ir direto ao ponto porque vou tratar aqui de algo que todos nós gostamos muito: atividades gratuitas.
Os free walking tours estão cada vez mais populares pelo mundo (e também no Brasil) e funcionam de maneira bastante interessante: divulgam seus horários e pontos de encontros e os interessados apenas comparecem. O grupo faz o tour pelos pontos previstos e, ao fim, cada pessoa paga o quanto acha que deve – e isso explica as aspas do título, já que não é completamente grátis, e sim um pagamento por quanto você acha que o serviço merece, aliado à sua capacidade financeira.
Se você faz parte daquele grupo que prefere fazer as coisas por conta própria, ter sua própria agenda, fazer turismo livre… acredite, eu também sou do seu time, e os free walkings não ferem os nossos princípios (rs). São muito diferentes daqueles tours “quadrados” que costumamos ver por aí, bastante divertidos e acabam realmente valendo a pena. Por quê?
Primeiro porque geralmente os roteiros gratuitos são por centros históricos e você nunca vai saber sozinho a quantidade de história que uma cidade traz sem que alguém te conte.
Em Amsterdam, um dançarino que havia viajado o mundo todo foi o guia do tour e, além de nos mostrar a cidade por um ângulo todo especial, nos deu um guia impresso de coffee shops feito por ele e nos levou a um restaurante tradicional para o almoço.
Como poderia eu saber que um vidro no chão da praça marca a queima dos livros no nazismo em Berlin? Que um desenho no topo de um prédio em Barcelona é a reprodução de um desenho feito por Picasso em um guardanapo? Ou que uma placa em um jardim abaixo da Acrópole (que está em grego, dificultando um pouquinho o entendimento) é uma homenagem a um soldado que se jogou por se recusar a hastear a bandeira nazista? Este é o tipo de informação que um free tour proporciona.
Os tours também trazem conhecimento sobre as pessoas do lugar, costumes, uma visão “interna” de como a gente do lugar de comporta, o que é bem interessante. Caminha-se pela cidade e, em cada parada, há uma nova história.
Por fim eu volto para o formato do tour para defender sua qualidade. Você paga ao fim o que acha que vale e isso significa que os guias vão dar o seu melhor para merecer seu pagamento.
Todos os guias que encontrei tinham um vasto conhecimento sobre a cidade e, para além das informações do roteiro, estão dispostos a indicar outros lugares e responder qualquer questão feita pelos turistas. São uma fonte incrível de dicas sobre lugares que não são “pega turistas”, seja pra visitar, comer, dançar, o que queira.
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E você realmente paga o quanto acha que deve. No fim eles agradecem e as pessoas, uma a uma, lhes entregam a contribuição. Não há qualquer tipo de pressão por valor, você entrega, agradece e se vai.
Você pode sair sem pagar? Sim. É justo? Não. As pessoas que estão ali estão oferecendo seu trabalho com todo cuidado e merecem uma recompensa para isso. Eu, de primeira vez, olhei mais ou menos para as mãos das pessoas para ter uma ideia de valor, e adaptei isso a minha possibilidade financeira sem deixar de ser justa com o trabalho prestado.
Em Barcelona, a guia se ofereceu para enviar por e-mail um mini-guia para a cidade. As dicas salvaram minha viagem da loucura turística e me apresentaram a cidade real.
Eu quando vou a uma cidade faço uma busca na internet por free walkings tours e, em suas páginas na internet, descubro os pontos de encontro e horários. Por mais que alguns peçam pré-cadastro, se você não o fizer não tem problema… é só aparecer e aproveitar!