Por João Paulo de Vasconcelos
Quem visita o Peru sabe que heranças de povos antigos e ruínas épicas fazem parte do roteiro de qualquer viajante. Quem vem da Bolívia, antes de chegar a Machu Picchu, pode passar por um dos lugares mais curiosos do Peru, logo na fronteira: o Lago Titicaca.
A região do Lago Titicaca é incrível por inúmeros motivos. As ruínas e a história inca na Isla del Sol e na Isla de la Luna, ainda na Bolívia, junto à paisagem, são o primeiro indício de que visitar o lago pode ser algo muito diferente do que se espera.
Mas logo depois de cruzar a fronteira, perto da costa da cidade de Puno, existem ilhas diferentes, que foram adotadas por populações antigas flutuando pelo lago. Sim, flutuando.
Um conjunto de mais de 80 ilhas, construídas a partir de plantas aquáticas, abrigam centenas de pessoas de um povo antigo que, ainda hoje, escolhe a vida que se aproxima de uma realidade indígena.
Os Uros, como é conhecido o povo que vive no lago, teriam construído as ilhas depois que os Incas expandiram seu império na região. Outra teoria diz que as ilhas foram criadas para que o povo escapasse dos espanhóis, que começavam a usar os nativos como força escrava.
De qualquer maneira, o povo vive no Lago Titicaca há séculos, e ainda hoje tem como base uma economia voltada para o turismo (vende artesanato, comida e passeios na região) e para o escambo, já que troca o próprio artesanato e os materiais naturais recolhidos por comida nos mercados da cidade.
Quem visita o lago pode fazer um passeio partindo da cidade de Puno, no Peru, ou até mesmo saindo do outro lado da fronteira, na Bolívia, por Copacabana. A visita leva o viajante até uma das ilhas principais, onde normalmente são encontradas muitas mulheres e crianças que vendem artesanato – já que a maioria dos homens saem para pescar durante o dia à moda antiga: com lanças.
É possível navegar pelo rio nos barcos construídos pelos Uros, também feitos de plantas e madeira, até uma outra ilha onde são servidas comidas típicas. Pratos como truta frita (pescadas no próprio lago) e o clássico ceviche podem ser encontrados por lá, acompanhados de uma boa Inca–Cola, o tradicional refrigerante peruano que já foi comprado pela Coca-Cola.
Pisar nas ilhas pela primeira vez é uma experiência curiosa, o pé afunda como se andasse no lodo e a sensação de sapato molhado é antecipada, porém, nunca acontece.
Os nativos explicam em aulas dadas aos visitantes como as ilhas são feitas. De acordo com eles, a camada de plantas é bem espessa e elas se mantêm flutuando no lugar por meio de blocos de terra amarrados com cordas que servem como âncoras no fundo do lago.
Como chegar
O jeito mais fácil de visitar as Ilhas Uros é por Puno, no Peru. Para quem sair de Cusco, a cidade fica a cerca de 340km de distância, uma viagem de ônibus de cerca de 7h pela Cruz del Sur, excelente companhia de ônibus peruana.
Pelo lado boliviano do Lago Titicaca existem passeios saindo de Copacabana; essa cidade está a cerca de 140km da capital, La Paz. Apesar de uma distância menor, as estradas da Bolívia são extremamente precárias e o trajeto pode levar cerca de 6h.