Inaugurado em maio de 1935, há mais de 80 anos, o metrô de Moscou contava com apenas uma linha de 11 quilômetros e 13 estações. Hoje, um dos mais extensos e mais movimentados sistemas metroviários do mundo, conta com 196 estações, 12 linhas e mais de 325km de extensão, transportando cerca de 7 milhões de viajantes por dia, o maior número de passageiros da Europa.
A média de espera pelo metrô é de apenas 90 segundos (na hora do rush, esse número cai para menos de 60 segundos) e as principais linhas contam com wi-fi gratuito. Porém, mais do que por sua eficiência, a rede de transporte metropolitano moscovita chama atenção pela opulência de suas estações.
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O metrô foi um dos mais excepcionais projetos arquitetônicos da antiga União Soviética, em que estações eram construídas como palácios luxuosos para o proletariado. A extravagância do metrô tinha uma função político-ideológica: paredes e arcadas em mármore, baixos-relevos ornamentais, vitrais coloridos, mosaicos e majestosos lustres criavam um ambiente que se destacava pelo “brilho” (svet, em russo) e que indicava o “futuro radiante” (svetloe budushchee) que Stalin e o Partido Comunista prometiam aos cidadãos russos.
Curiosamente, embora as estações tenham sido construídas e decoradas por trabalhadores soviéticos, os principais projetos de engenharia e planos de construção foram desenvolvidos por especialistas recrutados do London Underground, o metrô londrino, o mais antigo do mundo.
Era tanta a paranoia do Comissariado do Povo para Assuntos Internos (o Ministério do Interior na URSS, usualmente abreviado para NKVD, do russo Narodniy Komissariat Vnutrennikh Diel), que engenheiros britânicos, então já profundamente familiarizados com a estrutura física de Moscou, tanto acima quanto abaixo da terra, foram acusados de espionagem em meados dos anos 30.
O governo britânico interveio e os engenheiros foram deportados, encerrando a parceria entre os dois países no desenvolvimento do metropolitano de Moscou.
No final da década de 50, a extravagância arquitetônica deixou de ser uma prioridade e as novas estações do sistema metropolitano foram construídas no mesmo padrão, praticamente idênticas. No começo dos anos 80, a preocupação estética levou à restauração das monumentais estações, mas o novo modelo, muito mais econômico, se manteve dominante.
Hoje, os amplos corredores e as requintadas plataformas são o símbolo da era de ouro do realismo soviético na arquitetura. A cada estação, esculturas, relevos e mosaicos expõem os marcos históricos do período soviético e os diferentes aspectos da vida cotidiana da população (espere encontrar retratos de muitos soldados, trabalhadores e camponeses).
Mais estações por vir
Desde o começo do século 21, o governo municipal vem investindo na modernização do transporte público em Moscou, famosa por congestionamentos infindáveis – segundo levantamento de 2013 da empresa TomTom, fabricante de sistemas de navegação, a cidade tem o pior trânsito do mundo (a título de comparação, Rio de Janeiro e São Paulo ficaram, respectivamente, em terceiro e sétimo lugares).
A expansão das linhas de metrô (até 2020, mais de 150km serão adicionados à rede) e a otimização do sistema de transporte na região metropolitana são algumas das apostas para melhorar o trânsito na cidade.
Em 2014, o prefeito de Moscou, Sergei Sobyanin, anunciou que uma segunda linha circular estaria em operação até o final desta década, com 28 novas estações e 58km de trilhos, ao custo total de 300 bilhões de rublos (aproximadamente R$16 bilhões).
A construção dessa nova linha pretende descongestionar o metrô na região central de Moscou e, quem sabe, agraciar visitantes da capital russa com novas estações impressionantes.