Por Renata Ferri
Tive a sorte de visitar a cidade de Bonito duas vezes, uma em 2004 e outra em 2014, e digo com propriedade que em 10 anos as coisas certamente mudaram por lá. Desta última vez, havia mais ruas asfaltadas, mais lojas, bancos, restaurantes, preços mais elevados e o mais interessante: mais turistas brasileiros.
Sim, em 2004, em todos os passeios dos quais participei, eu era a única brasileira – fora o guia, que não falava inglês. Eu estava viajando com uma amiga alemã e adivinha o que aconteceu? Não é difícil concluir que durante minha semana de férias também trabalhei como intérprete não só para minha amiga, como também para os demais membros do grupo.
Dez anos depois isso mudou. Além da maioria de brasileiros, que parecem ter descoberto que Bonito e o Pantanal são um destino incrível dentro de terras brasileiras, os guias também parecem ter aprendido inglês para atender aos gringos que, apesar de agora serem minoria, nunca deixarão de vir.
Isso mostra que, apesar do Brasil ainda ter muito o que aprender sobre como explorar e enriquecer o turismo local, algum progresso já aconteceu. Lembro de ter refletido profundamente sobre a precariedade do turismo brasileiro quando eu não aguentava mais ter de recomunicar aos demais conterrâneos, todos os pensamentos e requisições de minha companheira de viagem, que era tímida demais para mímicas.
Os passeios que realizei nas duas situações foram praticamente os mesmos: a imperdível flutuação no Rio Sucuri, a pescaria de piranhas na Fazenda São Francisco, as cachoeiras da Estância Mimosa e, claro, a belíssima Gruta do Lago Azul. Com relação a isso, tenho o prazer de dizer que, apesar de tudo ter ficado imensamente mais caro, as belezas não sofreram qualquer tipo de modificação ou deterioração.
Nada de lixo, sacolas plásticas, árvores cortadas ou objetos não identificados flutuando na água. Isso é maravilhoso e me deixou tranquila em ter que pagar pelos passeios, pois sei que, ao menos parte do dinheiro está sendo usada para a preservação daqueles espaços impressionantes. Afinal, beleza também dá dinheiro, Sr. Eike Batista.
Não é só com a destruição de reservas ambientas para fins de mineração que se constrói uma fortuna. Tenho certeza que os chefões, donos das estâncias e fazendas que visitei também estão com os bolsos gordos por consequência da nossa merecida diversão.
Meu conselho aos viajantes é: esqueçam um pouco o fato de que as passagens aéreas para Buenos Aires estão superbaratas e comecem a encher o porquinho com o objetivo de visitar as belezas do Mato Grosso do Sul.
Com certeza será uma aventura inesquecível com oportunidade de conhecer fauna e flora brasileiras, assim como a deliciosa culinária local e a incansável simpatia dos nativos, em uma atmosfera alegre e que nos faz lembrar que estar em harmonia com a natureza é fácil e extasiante.