Por Jamile Diniz
Dentre os 16 estados da Alemanha, o mais populoso é a Renânia do Norte-Vestfália (Nordrhein-Westfalen, em alemão). O estado abriga a região mais populosa do país, o Vale do Ruhr, que oferece muitas possibilidades envolvendo cultura, paisagens, compras e trilhas, sem contar os grandes destaques arquitetônicos, como a Catedral de Colônia. E Renânia do Norte-Vestfália, com exceção de Berlim, é o lugar com vida noturna mais agitada do país.
Para saber mais sobre a Alemanha:
- Nuremberg, um destino alemão imperdível
- Sachsenhausen, o campo de concentração de Berlim
- A Berlim de David Bowie
Renânia do Norte-Vestfália agrada e encanta os mais variados tipos de viajantes. A maior parte do estado é rural, sendo possível esquiar nas montanhas de Rothaar, no inverno, e praticar esportes aquáticos em Sauerland, no verão. No entanto, o extremo oeste é muito industrializado e abriga algumas das maiores cidades do país, todas muito próximas, fazendo com que se locomover utilizando trens e ônibus seja muito prático e fácil.
Confira algumas dicas do que visitar em quatro interessantes cidades de Renânia do Norte-Vestfália:
Düsseldorf
A capital de Renânia do Norte-Vestfália foi fundada em 1288 e é hoje um polo cultural e centro industrial, além de ser considerada a capital da moda na Alemanha. Aos fãs de compras que têm muito dinheiro para gastar, a dica é a Königsallee, via conhecida apenas como “Kö” pelos alemães e que conta com lojas luxuosas e caríssimas, como Louis Vuitton, Prada, etc.
Mas a visita também é válida ao viajante que não está exatamente nadando em rios de dinheiro: o local é muito agradável e conta com uma roda gigante e inúmeros carrinhos de foodtruck. Não muito longe dali fica a cidade velha, ou Altstadt, onde há diversos bares às margens do Rio Reno.
Em dias de sol e durante jogos de futebol, tomar uma cerveja e comer a típica salsicha “Bratwurst” no local é um dos melhores programas a se fazer. Há inúmeros passeios de barco pelo rio e telões que fazem a região ficar extremamente lotada em dias de jogos de futebol e dali se avista a Rheinturm (Torre do Reno), um dos símbolos da cidade que também abriga um restaurante giratório e mirante.
Colônia
A maior cidade da Renânia do Norte-Vestfália e quarta maior da Alemanha é bastante alegre e cheia de festas. Colônia é bastante conhecida por seu Carnaval, que atrai turistas de todo o mundo e agrada até mesmo aos brasileiros – tanto que chegou a ser considerada a cidade mais brasileira do país, contando com inúmeros bares e restaurantes da terra do canarinho.
Os moradores são muito sociáveis e boêmios, do tipo que, nos bares, sentam nas mesas da calçada (inclusive no inverno, com a ajuda de aquecedores portáteis e cobertores) e por ali vão ficando, conversando com as pessoas das mesas ao lado, pedindo uma cerveja e mais outra e mais outra…
Uma boa dica aos bons de copo e fãs de festa é visitar a Fischmarkt. Localizada na cidade velha, às margens do Rio Reno, o lugar, extremamente charmoso devido às casinhas coloridas pitorescas, é repleto de bares, restaurantes e boates, sendo um dos locais com vida noturna mais agitada do país.
A cidade conta com diversos museus, mas aos apreciadores de arte minha dica é o Museu Ludwig, que tem obras de Picasso, Mondrian, Marcel Duchamp, Andy Wahrol, Jackson Pollock e inúmeros outros artistas incríveis. É impossível caminhar pelas ruas do centro sem encontrar ao menos três artistas de rua (e inúmeras pessoas que realmente param para ouvir!). Resumindo: os viajantes brasileiros se sentem em casa.
Mas como falar de Colônia sem falar de seu maior e mais notável símbolo? A Catedral de Colônia, também chamada de Köln Dom, é a quinta mais alta do mundo (157,31m) e chama atenção pela complexidade e tempo de construção: iniciada em 1248, foi finalizada, após diversos intervalos, em 1880, ou seja, mais de 630 anos depois.
No interior da catedral, cuja entrada é franca, o destaque é para o Santuário dos Três Reis, uma urna de 2,20 m de comprimento coberta por ouro, prata e mais de 1000 pedras preciosas, que guardam os ossos dos três reis magos.
O sarcófago, considerado o maior relicário do mundo ocidental, é cercado por uma cúpula de vidro e portões, fazendo com que não seja possível vê-lo tão de perto. Ainda assim, é um dos monumentos mais visitados da Alemanha e foi o que elevou Colônia ao status de cidade sagrada do cristianismo.
Por €2,50, também é possível subir até a torre. Apesar da vista incrível que se tem lá do alto, eu não recomendaria o passeio àqueles que têm problemas cardíacos ou estão muito fora de forma: a subida e a descida são realizadas em uma mesma escada íngreme de 533 degraus, haja fôlego!
Bonn
A cidade que foi capital do país, quando Berlim era dividida ao meio, é, além de arquitetonicamente linda, um prato cheio para quem gosta de arte, história e cultura em geral. Muita gente não entende como a Alemanha passou de um Estado nazista, que cometeu inúmeros crimes contra a humanidade, para uma das maiores potências econômicas mundiais e que, hoje, até recebe refugiados.
Uma boa (e necessária) pedida para aqueles que precisam se informar melhor sobre o assunto é o Haus der Geschichte, em tradução livre “Casa da História”. Esse museu, como o nome supõe, conta a história da Alemanha a partir de 1945, mostrando as consequências da Segunda Guerra e como esses acontecimentos fizeram com que ao longo dos anos o país mudasse drasticamente de postura, ídolos e ideais.
O Haus der Geschichte também explica como foi a reunificação de um país que durante 28 anos foi dois (completamente diferentes!) e como isso afeta a cultura e a política até hoje. Tudo isso por meio de objetos da época, como um pedaço do muro de Berlim, e cenários que fazem com que o visitante se sinta dentro da história; a entrada é gratuita.
Bonn também é conhecida por ser a cidade natal de Ludwig van Beethoven. A casa onde o músico nasceu abriga hoje o Beethoven-Haus Bonn Museum, o museu com o maior acervo sobre ele do mundo, dispondo de inúmeros de seus instrumentos e até de uma mecha de seus cabelos. O ingresso custa €6 (€4,50 para estudantes), mas há tours em inglês de graça, extremamente necessários aos que não falam alemão, já que a maioria dos objetos não têm legendas em inglês.
Uma outra atração famosa da cidade é a Universidade de Bonn, ou só “Universität”. Fundada em 1818, a escola ocupa o que entre 1607 e 1705 foi o palácio do príncipe eleitor. No verão as pessoas fazem piqueniques e tomam sol no gramado em frente ao prédio majestoso. Não muito longe dali fica a praça central do mercado, onde inúmeras barraquinhas tradicionais vendem produtos típicos e foodtrucks. Porém, o maior destaque do entorno é o prédio barroco tardio da prefeitura (Rathaus).
Aachen
O local em que Carlos Magno foi coroado e escolheu viver tem uma localização privilegiada: a fronteira entre Alemanha, Bélgica e Holanda. Isso dá a essa cidade alemã características únicas provenientes da mistura de culturas que ali acontece. O viajante se depara com a arquitetura alemã, os chocolates belgas e as bicicletas e flores holandesas, além do que restou da herança dos romanos, que fundaram o lugar no século 1º por conta de suas fontes de água quente.
Um dos símbolos da cidade é a Catedral de Aachen, também chamada de Pfalz, cuja data de fundação é um mistério, embora saiba-se que ela já existia no século VII. O ponto alto é o Santuário de Carlos Magno, feito de prata e pedras preciosas. É ali que repousam os restos mortais do imperador, declarado santo em 1165, e grande motivo de orgulho para cidade. A entrada é franca, embora seja necessário pagar €1 caso o visitante queira tirar fotos. Eu, que nunca tinha visto isso na vida, achei que o segurança estava brincando quando me cobrou.
Aos que desejam conhecer mais sobre a história de Aachen, recomendo uma vista ao Centre Charlemagne, museu que conta a história do local desde o Paleolítico, mas se aprofunda mesmo em Carlos Magno. A entrada custa €5, mas aos que não falam alemão, é importante também comprar o audioguia, porque, como em muitos museus no país, não há legendas em inglês em todas as obras.
Visitar a Tríplice Fronteira é outra atração querida por turistas que querem estar em três países ao mesmo tempo; próximo ao local há alguns bares e restaurantes que valem uma tarde. Também há um mirante de onde se pode ver a Alemanha, Bélgica e Holanda, mas o passeio vale mais a pena durante a primavera e o verão, quando por ali muitas pessoas fazem piqueniques e tomam sol.
Como chegar às cidades da Renânia do Norte-Vestfália?
Todas essas quatro cidades são próximas e o acesso é bastante simples porque muitos trens e ônibus fazem essas rotas durante todo o dia. Se tivermos como ponto de partida a maior cidade da região, Colônia, é possível pegar um trem para Düsseldorf, que fica a apenas 40 km dali, mais de uma vez por hora. Para Bonn, apenas 30 km de distância, é possível ir de trem, de ônibus e também de U-bahn, o metrô. A cidade mais distante é Aachen e, mesmo assim, são apenas 73 km de distância e trens parte de hora em hora.
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