A capital não é o destino mais procurado por brasileiros que vão ao México, afinal, durante as visitas aos pontos turísticos e as caminhadas pela cidade, é difícil encontrar um conterrâneo sequer. Mas vocês, viajantes, não sabem o que estão perdendo: a Cidade do México é um lugar mágico e encantador!
A jornada teve inicio na Cidade do México: ao emergir das profundezas do sempre lotado metrô da capital mexicana, a visão é preenchida por sensações provocadas pela panorâmica do Zócalo, o complexo arquitetônico do centro histórico. É como se a energia do local proporcionasse um impacto hipnotizante. Uma forte mistura de situações onde é possível ver índios oferecendo purificações com ramos de arruda e fumaça, nativos vendendo souvenires e belíssimos artesanatos, assim como outros que vendem produtos de falsificadas marcas americanas.
Há também turistas perambulando com expressão de deslumbre, uma ocarina emitindo sons indígenas ao fundo e o constante cheiro de tortilhas no ar. Porém, o mais impressionante é a forma como a catedral, imponente, católica, europeia, está bem ao lado das ruinas do principal templo da civilização asteca, completamente descobertas apenas em 1966.
Os astecas
Após destruírem Tenochtitlan, também conhecido como Templo Mayor, os espanhóis construíram sobre ele a nova cidade colonial. Centenas de anos depois, ninguém mas sabia a localização exata do antigo templo. O início das escavações que viriam expor novamente para o mundo a riqueza da cultura asteca aconteceu apenas no final do século 19.
O bilhete de entrada que dá direito a visitar as ruínas e o museu onde estão grande parte das incríveis peças de lá retiradas custa 59 pesos, ou seja, pouco mais de R$10. Lá dentro é possível ver turistas, mas também muitos residentes da própria Cidade do México, como um senhor que estava acompanhado de duas crianças e disse: “passo por aqui todos os dias no meu caminho para o trabalho, mas nunca entrei. Hoje resolvi vir e trouxe meus filhos”. E continuou caminhando com os garotos pela passarela construída estrategicamente para que os visitantes possam observar as partes mais interessantes do templo.
A situação do senhor resume bem o que é o centro histórico da Cidade do México. É o passado de uma nação invadindo sua contemporaneidade. É conviver diariamente com tudo que já aconteceu por ali e até mesmo carregar no semblante o óbvio peso de sua história.
Xochimilco
Definitivamente, esse é um lugar que não pode ser deixado de lado por quem quer conhecer os lugares mais interessantes da Cidade do México. A passagem para o metrô e para o trem, que são capazes de te levar a quase toda parte, custa três pesos, ou seja, mais ou menos 50 centavos de real. O caminho para Xochimilco, a partir do centro, é composto por três trocas de metrô e um trem de superfície – é bem longe. Apesar da efetividade e do baixo custo do transporte público, os vagões estão constantemente lotados e parece ser sempre horário de pico na capital mexicana.
Os embarcaderos, principal atração de Xochimilco, são barcos coloridos, geralmente com uma grande placa em arco na entrada, em que se pode ler o nome dado à embarcação. Um passeio de 40min custa, com pechincha, 300 pesos (R$50) para duas pessoas. Porém, o passeio completo dura até quatro horas, e Fernando, o remador do barco chamado Ana Maria, disse que cobraria 340 pesos por hora.
O passeio completo inclui visita à Ilha das Bonecas – um bizarro lugar onde velhas bonecas ficam assustadoramente penduradas em uma cerca –, zoológicos de animais e jardins botânicos. Além dos barcos repletos de turistas com seus piqueniques, também flutuam outros onde vende-se comida, cerveja, tequila e artesanatos. Um barco chamativo era o dos mariachis, que paravam o embarcadero deles ao lado dos carregados de turistas e perguntavam se gostariam de uma música.
Chapultepec
Este parque urbano, também chamado pelos mexicanos de El Bosque, é um dos maiores do ocidente. Dentro dele, além das esperadas inúmeras bancas que vendem todos os tipos de souvenires, brinquedos, comidas, bebidas, fotos com pessoas fantasiadas de personagens do Chaves, há também diversas atrações que trazem visitantes, especialmente famílias, de todo o país e do mundo.
Nele há o Museu Nacional de História, o Castelo de Chapultepec, que já foi palácio imperial e residência presidencial, trabalhos do muralista David Alfaro Siqueiros, o zoológico e jardim botânico da cidade, além do Museu de Arte Moderna, dedicado ao pintor Rufino Tamayo e o enorme Museu Nacional de Antropologia.
O parque de Chapultepec funciona de terça a domingo, das 5h às 16h30. Vale a pena checar também o horário de funcionamento dos museus e demais atrações, para não perder a parte mais cultural do passeio.
Coyoacán – Frida Khalo e Diego Rivera
O Museo Frida Khalo fica na casa onde ela viveu com seu companheiro Diego Rivera. Ao caminhar pelas ruas de Coyoacán, descobre-se uma outra Cidade do México, diferente da mistura caótica de energias que se experimenta no centro. A tranquilidade das casinhas coloridas decoradas por árvores e jardins já nos dá a dica de como Frida foi capaz de incorporar tanta inspiração para suas obras.
Por 100 pesos (cerca de R$20) compra-se a entrada para o museu da Frida e para o museu do Diego, com transporte incluído de um para o outro. Turistas mexicanos e estrangeiros observavam com interesse o acervo de obras de arte exposto na casa onde viveu o casal, que inclui obras sob autoria de Frida, de Diego e algumas outras que pertenciam a eles. No ateliê da artista, é possível imaginar exatamente como era sua rotina de criação. Reconhece-se Frida no quarto, na cozinha, no corredor, na sala. Mas o jardim, ah, esse é a cara de Diego, construções de pedra, fontes jorrando água translúcida que paira sob um mosaico decorando o fundo de um pequeno lago. Tudo muito lindo. É de se imaginar que todos que visitam essa casa sentem vontade de viver lá.
O Museu Diego Rivera, também chamado de Museu Anahuacalli, é uma construção máscula, sólida, imponente e bela. Todo em pedra, o edifício é composto por três mundos, um por andar. O andar térreo simboliza o “inframundo”, um mundo misterioso e subterrâneo onde viveriam civilizações ocultas. Isso é expressado através de vitrais que permitem a entrada de pouca luz e de peças que demonstram a ideologia e cosmogonia de diversas culturas. O primeiro andar simboliza o “mundo terreno”, com um pouco mais de luz, mostra peças que retratam a vida diária dos habitantes do ocidente mexicano. Por ultimo, o andar superior representa o “supramundo”, o mundo dos deuses e, bastante iluminado, tem inúmeros artefatos que remetem a todo tipo de adoração divina na cultura dos antepassados mexicanos.
* Colaboração de Alex Sugamosto