Mesmo o viajante mais calejado às vezes se enche de perguntas antes de partir para a próxima empreitada. Pensando naqueles que nunca se jogaram no mundo e também naqueles que já o percorreram bastante, as editoras O Viajante e Belas Letras irão lançar o livro Partiu! Tudo o que você precisa saber para viajar pelo mundo, de Zizo Asnis. O lançamento em São Paulo acontecerá no dia 12 de dezembro – mais informações abaixo.
Zizo Asnis já visitou quase 90 países e escreveu e editou 11 guias de viagem, os Guias O Viajante. É editor-chefe do site oviajante.com, criado em 1999, e colabora com sites diversos, como o Catraca Livre.
O livro é separado em cinco capítulos (Dúvidas básicas, Planejamento, Os viajantes, Transportes e Economia), então vamos compartilhar aqui uma dica preciosa de cada um deles 😉
Confira abaixo trechos do livro “Partiu!”, de Zizo Asnis
Dúvidas básicas
Você precisa de uma parceria para viajar?
A falta de uma boa companhia muitas vezes é motivo para alguém deixar de viajar. Que dependência boba, hein, meu caro/ minha cara…
Tudo bem, pode ser ótimo ter um parceiro para viajar com você, seja para compartilhar os programas do dia a dia, seja para, se for o caso, dividir despesas, como o quarto do hotel, a conta do restaurante.
Por outro lado, se essa companhia não se afinar bem com você, pode ser um grande estresse, e pequenos atritos (e até grandes discussões) podem acabar estragando sua viagem. Aí, sem dúvida, vale a sagacidade do velho ditado – “antes só do que mal acompanhado”.
“Viajar só”, porém, não deve ser a alternativa a “viajar mal acompanhado”: deve ser, sim, a opção de viajar bem acompanhado – bem acompanhado de você mesmo.
Planejamento
Como lidar com o idioma?
E aí, como se virar num país estrangeiro sem falar inglês ou a língua local? Mímica, meu jovem, sem vergonha de pagar mico. Vale também desenhar, apontar para pratos alheios em restaurantes e até fazer dancinha se for preciso. Só não vale falar português pausado e bem alto, como se uma repentina surdez do seu interlocutor norueguês fosse o problema de ele não entender o seu claro, sonoro e va-ga-ro-so por-tu-guês…
Quem mandou não levar a sério o inglês que tentaram lhe ensinar?! Agora este é o seu “castigo”: se virar criativamente para entender e ser entendido. E falo do inglês, porque essa é a língua universal, goste você dos Estados Unidos e da Inglaterra ou não. Quem domina a língua de Shakespeare (o dramaturgo inglês é a eterna referência do idioma) se comunica em todos os lugares de potencial turístico. Claro, no interiorzão da China ou nos confins da Sibéria, provavelmente só a língua local mesmo, mas, como é pouco provável que você aprenda mandarim ou russo para uma viagem apenas, o melhor é investir no inglês.
Se quase todos o utilizam como uma língua estrangeira, como idioma nativo é o terceiro mais falado do mundo (em torno de 350 milhões de habitantes), com muitos sotaques diferentes. Assim, se você aprendeu o inglês americano, por exemplo, não é difícil que, ao chegar a Londres, tenha dificuldades para entender o inglês falado pelos britânicos. Pior ainda pode ser aquele inglês que você escuta na Irlanda, na Escócia, na Austrália. Não entendeu? – Sorry, could you repeat please? – será a sua fala.
Os viajantes
Quem é você na hora de partir? Um humanitário?
Muitas ONGs oferecem trabalhos voluntários, vinculados a ações humanitárias, às quais, como colaborador, você pode se integrar. O turismo não é o foco, mas não deixa de ser uma forma, e das mais nobres, de conhecer países pobres e também continentes menos afortunados, como a África. Uma das ONGs mais conhecidas é a Médicos Sem Fronteiras (www.msf.org.br), presente em mais de 70 países, que, além de profissionais das áreas médicas, pode contratar outros, ligados a administração e comunicação. A organização recebeu o Prêmio Nobel da Paz em 1999.
Outras ONGs mundialmente conceituadas são a OXFAM, confederação de 15 organizações que combatem a fome e a pobreza em mais de 90 países; a BRAC, organização que luta contra a miséria em 11 países na África e na Ásia; a International Rescue Committee, programa que assiste refugiados, especialmente no Sudão do Sul, Nigéria, Somália, Yemen e Síria; a Care International, confederação que combate a pobreza global, na África, Ásia e América Latina, dedicado especialmente às mulheres; a Danish Refugee Council, Conselho Dinamarquês para Refugiados, que presta assistência, em 30 países, a refugiados e populações atingidas por conflitos.
Transportes
Quem tal e jogar na América do Sul de carro?
Pelo Brasil, infelizmente, acho bastante inseguro viajar de carro, tanto pelas estradas malconservadas como pela questão da segurança pública do nosso país. Mas no resto do continente sul-americano acho o cenário geral bem mais propício. Quando escrevi os guias O Viajante Argentina e O Viajante Chile, fui três vezes com meu próprio carro para a Argentina e para o Chile (a vizinhança entre eles e seus formatos territoriais favorecem o viajante para percorrer ambos os países de uma vez só). As viagens foram organizadas por região: norte dos dois países (incluindo o Noroeste argentino e o Deserto do Atacama); centro (Buenos Aires, a região de Mendoza e Aconcágua, Santiago, a região dos Lagos e Vulcões); sul (Patagônia, Terra do Fogo, Torres del Paine, Carretera Austral), cada viagem em torno de 30 dias (a última, 35). Cruzar a cordilheira dos Andes foi espetacular! Essas montanhas estão muito próximas de nós, brasileiros, e poucos se aventuram a conhecê-las. E menos ainda são os que se dão conta de que podemos fazer tudo isso de carro, partindo do Brasil. Viajamos em dois (valeu, Márcio!), revezando na direção e por vezes dormindo (bem) dentro do veículo, com os bancos virados.
Curti tanto essa viagem que tempos depois, a fim de atualizar o Guia Criativo para O Viajante Independente da América do Sul e gravar um programa de TV, voltei novamente motorizado, e ainda para mais países, na sequência: Uruguai, Argentina, Chile, Peru (Cusco/Machu Picchu foi o ponto de retorno), Bolívia, Paraguai, Brasil, desta vez em três (valeu, Letícia e Felipe!), 45 dias, 15 mil quilômetros. Tudo com o meu veículo, que mandou muito bem, e não era (em nenhuma dessas viagens) um 4×4.
Se você deseja viajar de carro pela América do Sul, dou a maior força – mas fique ligado em alguns quesitos básicos: o principal deles é o seguro Carta Verde, válido para o Mercosul, que cobre o sinistro do automóvel de terceiros. Também é importante saber que, para atravessar as fronteiras, é preciso que o carro esteja em seu nome, ou no nome de um dos passageiros (mesmo o veículo financiado, se não estiver no seu nome, vai lhe complicar). Não dá, por exemplo, para você pegar o carro do seu pai e tentar passar com ele do Chuí gaúcho ao Chuy uruguaio. Eu sei, baita sacanagem, tanto carro roubado indo de cá para lá da fronteira, e você só querendo conhecer a Patagônia…
Economia
Já pensou em todas as formas que dá para economizar nos passeios pela cidade?
EM PARQUES, PRAÇAS, PRAIAS, MERCADOS, FEIRAS: ou seja, em locais públicos. Se o dia estiver ensolarado, nada melhor do que aproveitar um lugar aberto (em todos os sentidos).
EM SHOWS E EVENTOS CULTURAIS GRATUITOS: toda cidade tem eventos democráticos assim, muitos a céu aberto. Informe-se. Além de se divertir sem gastar nada, você tem a oportunidade de conviver com nativos e entender melhor a cultural local.
EM MUSEUS E ATRAÇÕES COM ENTRADA GRATUITA: procure saber desses lugares. Eventualmente, a entrada liberada ocorre em algum dia da semana ou após (até) determinado horário.
COM UM PASSE OU CARTÃO DA CIDADE: tal como o passe de transportes (que pode ser o mesmo), também é mais comum em cidades da Europa do que nas do Brasil. Com esse passe, você pode entrar em várias atrações; só tem que se programar bem e planejar o seu dia, calculando se o custo do cartão é vantajoso em relação à compra de ingressos avulsos para os locais.
COM UM INGRESSO COMPRADO PELA INTERNET: reservar ou comprar previamente pode garantir algum desconto, além de frequentemente permitir que você escape de uma longa fila para entrar naquela atração.
EM PASSEIOS PROMOVIDOS PELO HOSTEL: costumam ser divulgados na recepção ou num mural do albergue, podendo ser de graça; caso sejam cobrados, possivelmente custarão menos do que numa agência de turismo.
INTEGRANDO UM FREE WALKING TOUR: muitas cidades turísticas oferecem isso: um guia, geralmente um nativo, reúne grupos de visitantes em determinado ponto de encontro (quase sempre um local turístico) onde inicia um percurso, a pé, por lugares interessantes, contando curiosidades a respeito. Oficialmente é de graça, mas espera-se que você deixe uma gorjeta (geralmente o equivalente a 5 ou 10 dólares/euros, dependendo do quão legal foi o passeio e o guia).
Partiu! Tudo o que você precisa saber para viajar pelo mundo
Lançamento em São Paulo:
Confira também os vídeos em que o autor comenta alguns dos tópicos do livro:
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