Por Vinicius Henrique Fontana
A Andaluzia é um território espanhol reconhecido pela mistura singular das culturas cristã, judaica e muçulmana, temperado com o escaldante calor de 45°C estivais e a neve que polvilha de branco as já tão alvas casas mouras durante o inverno. É um dos principais destinos turísticos da Europa, onde se situam cidades muito conhecidas como Sevilha, Córdoba, Málaga e Granada.
Porém, dentre as inúmeras pequenas joias escondidas no terreno irregular de terras áridas, onde dominam as plantações infindáveis de oliveiras, destaca-se a cidade de Ronda. É um dos mais antigos municípios da Península Ibérica, com cerca de 35 mil habitantes.
Onde fica
Ronda está encrustada em um altiplano conhecido como mesa, a cerca de 95km de Málaga, onde está o principal aeroporto da região. A cidade é fendida pelo rio Guadalevín, que forma o principal ponto de interesse de Ronda e define a alma da cidade: el Tajo, um impressionante precipício de aproximadamente 100m de profundidade.
No lado sul está a cidade velha, um belíssimo centro histórico com casas que datam da época da ocupação moura, conhecido como La Ciudad, e no outro lado, mais moderno, chamado El Mercadillo, situam-se os serviços da cidade, como bancos e restaurantes, e também há igrejas históricas, bem como a arena de touros. Os dois lados são cerzidos por três pontes, sendo a El Puente Nuevo a mais impressionante. Próximo a Ronda também há pontos interessantes para quem gosta de turismo ecológico: a Sierra de Grazalema e a Sierra de las Nieves.
Como chegar
Para visitar Ronda, caso não tenha transporte próprio, há duas boas opções para o viajante que já está na Andaluzia: utilizar trens ou ônibus. Quanto ao trem, há uma linha regular que passa pela cidade saindo de Granada ou de Algeciras, ao valor aproximado de €20 somente ida. Também há linhas que saem de Madrid (€10) e Málaga (até €90). Quem tiver interesse deve acessar o site da companhias Alsa (ônibus) e Renfe (trem).
Em relação ao serviço de ônibus, certas cidades não cobrem o trajeto (por exemplo, não há uma linha que atenda Ronda saindo de Granada), por isso o ideal é pesquisar aqui a melhor opção. Caso ainda não esteja na Espanha, uma boa alternativa é ir até Málaga, onde está o principal aeroporto andaluz, também conhecido como aeroporto da Costa del Sol. Há diversas companhias que lá operam, inclusive low cost (Ryanair, EasyJet, Vueling, etc).
Atrações
El Puente Nuevo é o símbolo maior de Ronda. Imponente, com 98m de altura, materializada em um arco principal, mais dois laterais, é uma das obras arquitetônicas mais impressionantes da Espanha. Construída entre 1759 e 1793, é símbolo de uma nova era, uma cidade de relativa importância nas rotas comerciais de um capitalismo burguês incipiente. Além de ligação entre ambos os lados, serviu como prisão. Ao pé da ponte, mais um arco que adorna uma bela cachoeira que dá fim ao Tajo.
Visitar Ronda é um desafio aos pés e um alento para os olhos. Não há melhor maneira de apreciar suas escarpas, suas casas brancas, os velhos conventos e muralhas do que caminhar. Na Ciudad, deixe-se perder pelas ruas sinuosas e preservadas desde o século 14. Visitar os palácios de Mondragón e Salvatierra, além de descer na Casa del Rey Moro, uma impressionante mina com 60m de profundidade, são apenas alguns dos programas que podem ser feitos nesse local do município.
Há um grande número de lugares a serem visitados, porém se o seu interesse é somente circular pelas ruas, cerca de três horas são o bastante para apreciar La Ciudad. As principais atrações têm um custo menor do que as das grandes cidades, variando de €2 (interior da El Puente Nuevo) até €8 (Casa del Rey Moro).
Circunscrever Ronda também é uma bela experiência para quem dispor de energia extra. Descer a encosta e contemplar El Puente Nuevo é uma experiência imperdível, entretanto demanda fôlego. Também é muito interessante circular pelo lado externo das muralhas, um passeio que pode levar de duas a três horas. Ronda possui uma bela vista natural e essa região não costuma ser tão cheia como o resto da cidade. Pode-se visitar os banhos árabes (cerca de €6) e cruzar El Puente Viejo, remanescente da ocupação árabe.
Pelo final da tarde e à noite, um bom programa é visitar a Plaza de Toros, uma das mais antigas da Espanha (Ronda é muito famosa pela tauromaquia e pelas lendas envolvendo os “bandoleiros”), especialmente quando o sol está prestes a se pôr. Há touradas somente uma vez ao ano, próximo do Natal.
Para finalizar, nada como aproveitar as tapas andaluzas. Um bom local é o Entre Vinos (Calle Pozo, próximo à Igreja de Nsa. Señora de la Merced), sendo recomendável provar fideos negros com calamares (espaguete negro com lula). Por fim, há locais para apreciar uma guitarra flamenca, como a casa/escola de Celia Morales (Calle Calvo Asensio, 8).
Dicas úteis
- Não se esqueça da água, mesmo no inverno. Há algumas fontes espalhadas pela cidade onde se pode encher as garrafinhas;
- Não vale a pena comprar tíquetes de transporte caso esteja hospedado em uma área central da cidade. Todas as atrações ficam relativamente próximas, afastadas uma hora a pé entre as mais distantes.
- Muitas atrações não têm mobilidade para cadeirante, como a Casa del Rey Moro;
- É relativamente barato comer nos restaurantes de Ronda, contudo há opções de fast-food para quem preferir. A maioria deles se situa próximo da Arena de Toros;
- No inverno pode chover ou até mesmo nevar. Não se iluda: a Andaluzia é conhecida por ser um lugar quente, porém o inverno costuma ser frio;
- As melhores épocas para visitar Ronda são na primavera e no outono. O calor do verão pode tornar programas ao ar livre inviáveis;
- Ronda é pequenina e pode ser conhecida em dois dias tranquilamente. Não planeje tanto a visita, perca-se nas vielas, entre no que lhe aprouver, totalmente sem compromissos.