A Alemanha é reconhecida como uma potência econômica que se reergueu do zero após duas grandes guerras. Deixando o terrível passado nazista para trás, o país é muitas vezes lembrado por sua organização, pontualidade, salsichas, cervejas, castelos e monumentos históricos.
Texto por Jamile Diniz
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Se os itens citados acima são o que você procura ao viajar para o país, vá para Munique e para a Baviera em geral, o estado que reúne todo esse conceito.
Agora, se quiser um contraste a esse estereótipo alemão, vá a Berlim. A cidade é o lar do alternativo, das raves que começam na sexta e terminam na terça e de inúmeros e inimagináveis museus de história e arte – além de ser uma das capitais europeias com menor custo de vida.
Berlim, uma cidade sem fronteiras
Berlim é um mergulho na diversidade e subcultura. É feita de vários pedaços do mundo inteiro. Os berlinenses, em 30% dos casos sequer nasceram na cidade, mas vêm dos quatro cantos do planeta e incorporam a própria cultura no cotidiano do lugar. Por isso é muito fácil se sentir em casa na capital alemã: ali o diferente é aceito e estimulado.
E o que mais se poderia esperar de um lugar que, graças a um muro, foi, durante vinte oito anos, duas completamente diferentes?
História e cultura
Berlim Oriental, a leste, foi comandada pelos soviéticos e envolta em sua própria realidade comunista, praticamente parada no tempo sem muito contato com “o mundo lá fora”. Berlim Ocidental, a oeste, foi regida pelos ingleses, americanos e franceses, o lugar em que Christiane F. escancarou para o mundo a realidade de uma adolescente viciada em heroína.
Quando essas duas partes voltaram a ser uma só, o choque cultural foi imenso.
Assim nasceu essa cidade absurda que fascina viajantes do mundo inteiro.
Berlim não é encantadoramente linda como Paris, não possui catedrais incríveis como Milão, nem é cercada por belezas naturais como acontece na Suíça. Aliás, o mais famoso de seus monumentos, o muro de Berlim, hoje em dia só existe em partes: a grande maioria foi derrubada em 1989.
O que é, então, que faz de Berlim uma cidade tão especial?
O fato de ela estar em constante recriação.
A “faixa da morte”, espaço vazio próximo ao muro por onde berlinenses do leste tentavam fugir para o oeste, se tornou a Potsdamer Platz, uma das praças mais importantes e movimentadas de todo o país, com enormes arranha-céus e museus. Um centro de espionagem americano da era da Guerra Fria, chamado Teufelsberg (montanha do diabo, em tradução livre) foi abandonado e virou uma galeria de arte de rua.
Quando se trata de Berlim, pode-se esperar alguns passeios estranhos, que, por fim, são as melhores atrações que você pode encontrar. Não hesite em incluí-los na sua lista de visita, além dos turísticos Portão de Brandemburgo, East Side Gallery, Fernsehturm e Tierpark.
A vida noturna em Berlim, a “Meca da tecno”
Outra coisa que atrai os olhos do mundo inteiro à capital alemã é, sem sombra de dúvidas, a vida noturna.
O New York Times apontou o Berghain, balada localizada entre os bairros de Friedrichshain e Kreuzberg, como o melhor club do mundo. A “Meca da tecno”, como o lugar é conhecido. Fica em um prédio onde antes funcionava uma usina termoelétrica e a entrada é um pouco complicada graças às filas gigantescas e os critérios de seleção dos seguranças (aos que vão tentar: evitem roupas espalhafatosas e desistam do salto alto).
Aliás, na maioria das baladas berlinenses não se entra com roupas extravagantes e é proibido tirar fotos. A princípio esses critérios podem assustar, afinal, quando se trata de um local de divertimento e descontração ninguém quer saber de tanta cerimônia, mas tudo isso faz sentido.
Em grande parte dessas baladas parte-se do princípio que ninguém deve se destacar: ali, sob as luzes coloridas e música Techno, todos são iguais e não há espaço para ostentação de qualquer tipo. Também por isso é proibido tirar fotos: o que acontece nas pistas de dança é para ser vivido e não postado. Ainda assim, ou talvez até por isso, a vida noturna de Berlim jamais é esquecida por aqueles que a vivenciam. Também ajuda o fato de que ela pode durar por dias inteiros.
No entanto, a cidade é enorme e há festas mais tranquilas para quem não tem tanto pique. Vale checar o Urban Spree, onde, durante o dia, há foodtrucks, espaços de tatuagem e cinema ao ar livre e, durante a noite, inúmeros clubs.
Berlim é ver jovens fazendo mudança de casa usando o metrô (não se espante se encontrar um sofá no seu vagão). É também caminhar pelas ruas e ouvir diversas línguas além do alemão, isso não só em pontos turísticos. É a coexistência em geral: uma cidade de todo mundo e do mundo todo.