A Autora
Nara Alves é jornalista, meio brasileira, meio japonesa, meio ranhenta – não necessariamente nessa ordem. Nasceu carioca e cresceu paulista, jogando futebol e sofrendo para decifrar a humanidade. Várias vezes, afogou as questões existenciais num copo de gin tônica com gelo e limão. Foi repórter no Portal iG e produtora na TV Globo, de onde saiu para dar a volta ao mundo com o namorado, atual marido, com quem mora em Brasília. Agora, aos 35 anos, conformou-se em viver num mundo sem sentido – mas, nas horas vagas, insiste em decifrá-lo.
Orelha do livro
Nara me contou assim, num email rapidinho: “Vou sair da Globo para dar a volta ao mundo com Bernardo. Volto em um ano.” Era tudo o que eu gostaria de ter feito com a idade dela: largar tudo e conhecer esse mundão. Porém, mãe aos 21, eu não podia me dar ao luxo de mandar no meu tempo, quanto mais de deixar o emprego. Mas Nara não só podia como teve a coragem de ir.
Não conseguia imaginar ninguém mais bem preparado para aproveitar plenamente essa jornada do que ela. Eu sabia que a Nara não sairia ao léu. Teria roteiro, orçamento, informações sobre todos os lugares. E sabia não porque sou adivinha, mas porque a experiência de ter a Nara produzindo minhas matérias me mostrou como ela mergulha no assunto, descobre tudo sobre o que estamos tratando, sob todos os aspectos.
Nara não ia sair sem se preparar. Vai mergulhar na Grande Barreira de Corais da Austrália? Já sai do Brasil com o certificado PADI. Vai visitar uma vilinha no Japão? Já estudou o mapa, os costumes, viu vídeos, é capaz de reconhecer personagens do local. Nara faz isso porque quer garantir, in loco, tempo e concentração para o que interessa: fazer novas descobertas, estar de olhos abertos para absorver a paisagem, brincar com as diferenças e semelhanças entre a realidade que se abre e a memória do Brasil.
Acima de tudo, porém, eu sabia que Nara traria observações preciosas sobre as gentes que encontrou pelo caminho. Como a reflexão sobre a exclusão dos aborígenes na sociedade australiana, por exemplo. É da paisagem humana o retrato mais bonito que a viajante trouxe na bagagem. Retrato que ela generosamente compartilha nessas páginas.
Sônia Bridi