Por Felipe Bauermann
Pouco se conhece sobre a Namíbia, república africana onde o turismo de brasileiros ainda não chegou. Independente desde 1990, a Namíbia fazia parte da África do Sul e, antes disso, havia sido administrada como uma colônia da Alemanha. Por essa razão, algumas cidades mantêm, até hoje, os costumes, tradições e arquitetura alemães – bem como preservam a língua alemã.
Ao caminhar pelas ruas de Swakopmund – capital nacional dos esportes radicais – ou Walvis Bay – famoso balneário onde artistas americanos vão passar o verão – o turista sente-se exatamente como se estivesse em uma pequena cidade do interior alemão. Tudo isso num contraste surpreendente com o calor e com o povo africano, sempre alegre e receptivo. Ainda à primeira vista, já se nota que o país reúne uma diversidade incrível de relevo e paisagens inexploradas.
De todos os passeios do país, o mais tradicional e imperdível é a famosa subida ao topo da Duna 45, uma das mais altas dunas de areia do mundo, localizada no Deserto do Namibe. Pode-se acessar o local tranquilamente com um carro, ônibus ou caminhão, desde a cidade de Sossusvlei. Estaciona-se o veículo na base e sobe-se a pé os 170m de altura – para, ao chegar no topo, contemplar a vista panorâmica e exuberante do deserto de areias vermelhas. O ideal é iniciar a subida pouco antes de amanhecer, e assim unir o útil ao agradável – evitar que a areia esteja quente demais e presenciar o espetáculo do nascer do sol visto do topo de uma duna gigante.
Aproveitando que se está no deserto, é extremamente recompensadora uma visita ao Deadvlei – o “vale morto” – um local ali perto onde se pode chegar com uma caminhonete 4×4. Composto por um solo de argila branca, resultado da seca de um rio que há muitos anos corria por ali, a paisagem de Deadvlei se assemelha a uma pintura, devido às suas árvores secas contrastando com o branco do chão, o vermelho das dunas e o azul do céu.
Bem perto de Sossusvlei, há ainda o cânion de Sesriem, não muito profundo, com formas muito interessantes. É possível descer ao interior do cânion, numa caminhada curta, e contemplar lá embaixo os fascinantes paredões que se erguem ao redor, entre cavernas e tocas de pequenos animais. Outro cânion – o Fish River Canyon, segundo maior do mundo – também não pode deixar de ser apreciado. Ideal para um piquenique ao pôr do sol, a descida só pode ser praticada por quem está acostumado ao trekking, já que a caminhada pode durar vários dias.
Não menos extasiante é uma visita ao Parque Nacional de Etosha, um dos maiores e mais famosos parques onde se pode fazer um safári fotográfico. É lá o hábitat de centenas de espécies de animais de todos os portes, incluindo espécies ameaçadas de extinção – Etosha é, por exemplo, um dos poucos lugares no mundo onde se pode avistar o famoso rinoceronte-negro. Além disso, dentro do parque há dezenas de opções de acomodação, desde as mais simples (como acampamentos) às mais luxuosas.
Para quem se interessa por turismo cultural, nada melhor que passar uma tarde em Kamanjab conhecendo uma autêntica tribo Himba, o último grupo étnico semi-nômade da África, que vive em ocas e é auxiliado pelo governo da Namíbia. Dono de tradições muito peculiares – como por exemplo o fato de as mulheres não tomarem banho e possuírem um cabelo que parece uma peruca, mas é de verdade –, o povo Himba em Kamanjab divide seu tempo entre os afazeres domésticos, a venda de artesanato e a apresentação aos turistas de seus hábitos e curiosidades.
O custo de vida na Namíbia não é caro, portanto viajar para lá não representa um gasto excessivo de dinheiro. Além disso, os locais turísticos são bem sinalizados e seguros, deixando o viajante à vontade para explorar sem temer pela sua integridade. Por tudo isso, a Namíbia é um país sensacional e surpreendente – já que, apesar de ter atrações de sobra, é praticamente ignorado pelo povo brasileiro. Nas suas próximas férias, por que você não reserva duas semanas para conhecer esse país tão contrastante onde se misturam culturas, paisagens – praias, desertos, cânions – e todos falam inglês?
Como chegar?
Não há voos diretos do Brasil para a Namíbia. O jeito mais fácil é tomar um voo de São Paulo a Johannesburgo, na África do Sul, e de lá voar para Windhoek, capital namibe.
Qual a moeda?
O dólar namibiano (R$ 1 = 4,43 NAD).
Como se locomover?
A melhor forma é alugando um carro (apesar de os preços não serem muito favoráveis). Se você não se sente bem dirigindo sozinho na África, vale a pena contratar excursões de caminhão com a empresa Nomad – eles são bem flexíveis e têm roteiros adaptados para todos os gostos.
Qual a melhor época para ir?
Por ter clima semidesértico, a Namíbia tem dias quentes e noites muito frias. O período ideal para uma viagem é de maio a outubro, pois no inverno as temperaturas durante o dia são mais suportáveis.
E as doenças?
Se você tem medo de ir à África e voltar doente, saiba que não é necessário tomar nenhuma vacina para entrar na Namíbia. Todavia, o governo aconselha que você esteja em dia com as vacinas do tétano e da hepatite A e C. Como a malária é incidente no norte do país, você também precisa fazer a prevenção da doença, ingerindo comprimidos antes e durante a viagem (consulte um médico para mais informações). Não há casos de ebola na Namíbia.