Por Daniel Carnielli
Localizado praticamente na divisa entre os estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais, o Parque Nacional do Itatiaia é considerado o mais antigo do Brasil. Fundado em 14 de junho de 1937, o parque é dividido em dois: parte alta e parte baixa.
A natureza exuberante reúne cachoeiras, Mata Atlântica super preservada e mirantes com paisagens incríveis, seja sobre a mata ou sobre o vale, de onde se tem a nítida impressão de conseguir enxergar o mar. Talvez porque, em linha reta, estejamos a pouco mais de 60 quilômetros da baía de Angra dos Reis e Paraty.
Parte baixa
Vale a pena ir de carro para ter liberdade nas visitações das duas partes do parque. Para aproveitar o máximo possível do passeio, no primeiro dia fomos direto para a parte baixa. O local está próximo de Itatiaia e do vilarejo Penedo, que pertence ao município, e tem fácil acesso pela Rodovia Presidente Dutra.
Logo ao entrar no parque nota-se a mudança na vegetação, que passa a ser mais intensa e tem um verde mais forte.
Na parte baixa, as principais atrações para um único dia são as cachoeiras. Há também algumas trilhas, mas as cachoeiras que costeiam o eternamente gelado e belíssimo Rio Campo Belo são realmente atrações imperdíveis.
Antes de chegar nas cachoeiras, próximo do primeiro quilômetro dentro do parque, é possível parar para apreciar a bela paisagem do Mirante do Último Adeus. Segundo os guias locais, apesar do nome triste, o motivo não é bem esse. A história que se escuta é do comendador Henrique Irineu de Souza, proprietário das terras que ficavam abaixo do mirante, que vivia ali com sua família. Uma de suas filhas era noiva do Visconde do Salto, proprietário das terras vizinhas. No meio do trajeto entre as duas fazendas ficava a pedra do mirante, de onde não era mais possível avistar a casa da fazenda.
Um pouco mais adiante encontramos a sede do parque e a pedra de fundação – uma pedra muito bonita que remete bem ao padrão geológico da região. Estacionando o carro no fim da estrada, sempre asfaltada, é possível acessar pelas belas trilhas as três principais cachoeiras da parte baixa, todas elas com menos de um quilômetro de caminhada.
As cachoeiras são um espetáculo à parte e, particularmente, excederam minhas expectativas tanto pela beleza como pela baixíssima temperatura de suas águas. Recomendo entrar com cautela. A primeira cachoeira avistada foi a Maromba. Em média 200 metros de trilha e chegamos ao seu poço de águas transparentes.
Em seguida fomos à cachoeira Itaporani, a mais bonita das três.
Por fim, a cachoeira do Véu da Noiva (acho que todos os locais turísticos do país possuem uma cachoeira com este nome). Não gostei muito do estilo desta porque não tem poço para nadar. Lembrou-me muito a cachoeira dos Gatos, de Ilhabela, linda na altura, mas não se aproveita tanto.
O parque fecha cedo. Por volta das 16 horas os condutores locais já estão se preparando para terminar o dia, então não chegue tarde.
Para dormir existem opções para todos os gostos. A recomendação é obter o contato de todas as pousadas da região no centro de atendimento ao turista, que fica na entrada do parque. Não se preocupe em achar uma pousada antes de curtir as cachoeiras. Você terá tempo suficiente para isso até o fechamento do parque, por volta das 17h15. As opções de camping não são muitas, mas se for a sua preferência prepare-se para o frio, principalmente à noite. A nossa escolha foi a pousada mais próxima.
Na noite, nos presenteamos com um agradável jantar em Penedo. Vale a pena conhecer a culinária na região, além de restaurantes deliciosos, há também a Cervejaria Casa do Fritz, onde é possível provar boas cervejas artesanais produzidas na região.
Parte alta
No dia seguinte, logo cedo, foi a vez de conhecer a parte alta do parque. Mas é importante sair cedo mesmo, até no máximo as 8 horas. Apesar de não ser longe, a estrada de acesso tem muitas curvas e não é recomendado ir com pressa. Volte para a Dutra, sentido São Paulo, e siga para Itamonte-MG. O acesso ao parque fica no ponto mais alto da estrada, onde há a divisa entre os estados de Minas Gerais e São Paulo. Tecnicamente, ao entrar na estrada de terra que leva ao parque você já estará no estado do Rio de Janeiro.
A maior dificuldade quando se está na parte alta é decidir qual passeio fazer. Existem várias opções e mirantes por todo lado. Decidimos pela Pedra do Couto, que não exige escalada e está na lista dos mais altos do Brasil com seus 2.680 metros de altitude, pouco atrás do Pico das Agulhas Negras, também localizado no parque.
A trilha é linda. Para quem está acostumado com esse ritmo, são de 60 a 90 minutos de caminhada leve. É uma região muito alta, a base do parque já fica acima dos 2200 metros de altitude, portanto é normal sentir um pouco de fadiga durante o passeio. O cansaço é compensado pela vista. A vontade é subir em todas as pedras pelo caminho, pois de cada uma delas é possível avistar um novo horizonte. Uma pausa para um lanche pode deixar a trilha ainda mais perfeita.
Esse é o roteiro ideal para um final de semana e ainda existem outros na região que se encaixariam bem para um passeio de poucos dias. Hospedagens na média, comida deliciosa e ainda conseguimos sair em tempo de não chegar muito tarde em São Paulo, mesmo considerando as 5 horas na estrada.
Antes disso, nada melhor do que apreciar os queijos e doces mineiros e um café de coador vendidos em um pequeno comércio na saída do parque, na própria estrada de Itamonte-MG.
Informações Úteis
– Entrada no Parque Nacional do Itatiaia (válida para o final de semana): R$ 16,50 por pessoa.
– Algumas informações úteis estão disponíveis em: