Por Beto Lisboa
Punta Arenas é uma cidade localizada no extremo sul do Chile, praticamente no meio do caminho entre as patagônicas Ushuaia, na Argentina, e Puerto Natales, no Chile. Durante todo o ano um elevado número de turistas chega a Punta Arenas, seja voando ou rodando pela estrada.
No entanto, a grande maioria apenas passa rapidamente por aqui pois tem como destino uma de suas vizinhas mais famosas. Desta forma, acabam deixando de aproveitar o potencial turístico de Punta Arenas.
Diversas praças, inúmeros monumentos, casarões antigos, mirantes, escadarias, orla, zona portuária e zona franca são alguns pontos que valem a pena serem explorados. Mas o principal passeio a se fazer aqui é conhecer a colônia de pinguins mais importante do país, o Monumento Natural Los Pingüinos, composto pelas Isla Magdalena e Isla Marta.
A Isla Magdalena, a maior delas, se encontra a aproximadamente 35km ao norte de Punta Arenas, centralizada nas águas do mítico Estreito de Magalhães. Além de contar com mais de 120.000 pinguins-de-magalhães (Spheniscus magellanicus), a ilha é reduto também de um grande número de gaivotas dominicanas, de cormoranes e de outras aves.
E o meu passeio pela Isla Magdalena foi assim: saímos do Terminal Marítimo de Tres Puentes, em Punta Arenas, às 17h, em um grande barco, mais precisamente uma balsa ou transbordadora, pela mesma rota que grandes exploradores do passado fizeram, como Pedro Sarmiento de Gamboa, Francis Drake, Fernão de Magalhães e Charles Darwin.
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Depois de 2h de uma navegação tranquila, onde foi possível passear por toda a embarcação, chegamos à ilha, que já estava sendo vista de longe. O primeiro pensamento que tive, ainda na fila para descer do barco, foi: “nossa… esse lugar existe mesmo!” Para onde eu olhava, eu via pinguins. E haviam também muitos filhotes de pinguins! Cada casal tinha, pelo menos, um filhote. Então a ilha estava repleta.
Esta raça de pinguim é aquela que tem o bico e as patas pretas, desenhos na plumagem (como se fossem “colares” no peito e no rosto) e que constrói seu ninho fazendo buracos na terra. Uns preferem fazer o ninho perto da água, quem sabe para dar um mergulho no mar gelado logo que acordam.
Outros acham melhor construir sua casa no alto do morro para curtir uma vista privilegiada. Entre um ninho e outro, um casal de gaivotas cuida de seus filhotes, também recém-nascidos, vivendo em harmonia num cenário perfeito que a natureza se encarregou de montar.
Pois bem, uma vez em terra firme, temos 1h para realizar uma caminhada leve/moderada pelo “Sendero a Casa Faro” e fotografar o maior número de pinguins possível; bastão de selfie não é permitido. Durante o circuito, por diversas vezes os pinguins, sozinhos ou em grupos, atravessam na nossa frente. Assim, somos instruídos a parar e dar passagem. Lá, eles são prioridade.
Este trajeto, de 850m, leva até o farol transformado em museu de onde se tem uma vista incrível de toda a ilha. De volta ao barco, temos mais 2h de viagem, tempo suficiente para ver e rever, tomando um café, todas as fotos e vídeos realizados na pingüinera. Chegamos ao porto às 22h da tarde (sim, ainda não havia escurecido), completando 5h de passeio. Tivemos que voltar para o centro de van, por um preço bem mais alto, pois táxis não estavam mais operando.
Os passeios à ilha são realizados somente na alta temporada, mais precisamente de novembro a março, período em que os pinguins vão até lá para acasalar e ter filhotes. Há algumas formas de se fazer o passeio. A mais em conta é ir nestes grandes barcos que transportam até 200 pessoas, com saídas diárias ao final da tarde.
A empresa Comapa é a mais conhecida delas a fazer essa excursão. É possível comprar os bilhetes em loja no centro da cidade e no próprio terminal marítimo, como foi o meu caso. A segunda alternativa é ir em lanchas que levam até 40 pessoas em cerca de 30min, porém com um custo mais alto. Há também a possibilidade de viajar num navio cruzeiro e desembarcar na ilha em botes Zodiac.
Se você planeja fazer uma viagem para o extremo sul do Chile ou da Argentina, inclua Punta Arenas no seu roteiro. Reserve dois ou três dias para conhecer a cidade e para fazer o passeio até a Isla Magdalena. Muito mais que um passeio, admirar este espetáculo criado pela natureza certamente é uma experiência incrível, única e emocionante, que deve ser alçada às primeiras posições da sua lista de lugares obrigatórios para se visitar.
Confira os vídeos da visita à Isla Magdalena: